Greca quer colocar recursos do IPMC na Bolsa de Valores

A reunião do Conselho
de Administração do Instituto de Previdência dos Servidores Municipais de
Curitiba(IPMC), ocorrida nesta quinta-feira(26) no Edifício Delta, debateu as
políticas de investimento do Instituto para o ano de 2018. A atividade
contou com a apresentação da empresa contratada de consultoria, a  Aditus, que
apresentou o levantamento de todos os investimentos realizados pelo órgão,
indicando a previsão de que as novas ações do IPMC deverão ser mais ousadas.
Pela primeira vez serão aplicadas ações na Bolsa de Valores, o que deve ser visto
com cautela, pois abre margem para maiores investimentos de risco no futuro.

Segundo o coordenador
de Aposentados do Sismuc e conselheiro representante do sindicato no Conselho
do IPMC, Giuliano Gomes, o Instituto vem apresentando um saldo mensal
negativo de 60 milhões. Como já ocorre desde agosto, a prefeitura não fará os
repasses dos aportes financeiros até abril de 2018, obrigando o órgão a retirar
recurso das aplicações.

“Temos um saldo
positivo de cerca de 2 bilhões que estão aplicados em fundos de renda fixa,
poupança, títulos públicos, entre outros investimentos, mas a prefeitura
continua não fazendo o repasse mensal. O pacotaço do prefeito Rafael Greca aprovou a retirada de 700
milhões do fundo previdenciário dos servidores, entretanto, como uma liminar proposta
pelo funcionalismo barrou o saque, Greca criou o Decreto
Nº1269. Através desse mecanismo retirou-se os recursos do fundo por conta
da falta de repasses, situação que vem ocorrendo desde julho. O servidor
repassa os 11% para o IPMC, mas a Prefeitura não”, observa o diretor do Sismuc.

Resolução Nº 4604(Bacen) e mudanças nos fundos de previdência

De acordo com  Gomes, a Resolução nº 4604, do Banco Central – aprovada no último dia 19 de
outubro – altera a política dos fundos próprios de previdência social na
administração pública em municípios estados e união. A resolução Nº 3922,
de 2010, estabelecia o percentual que deveria ser destinado a cada tipo de
aplicação financeira, apontando o quanto se poderia investir nas alocações
de recursos financeiros dos fundos. No entanto, com a mudança na legislação, os
administradores dos fundos podem ficar cada vez mais presos às regras do
mercado.

“Até 2017, a política
de investimento vinha se mantendo conservadora, sem riscos e, nesse
sentido, segura. A proposta da nova resolução é mais ousada, dando
abertura até para que fundos municipais invistam em bolsas de valores. A
nossa preocupação é que pela primeira vez o IPMC pode começar a investir em
ações como da Ibovespa e multimercados, as quais oferecem riscos maiores”,
aponta Giuliano.

Segundo foi definido
na reunião, serão retiradas inicialmente 52 milhões de recursos dos fundos de
renda fixa do IPMC para aplicação nos novos tipos de Investimentos. “Por
enquanto é pouco e não coloca o Instituto em risco. A nossa preocupação é
que a tendência vai ser a de elevação de valores e, como nós sabemos, o mercado
é repleto de incertezas, ainda mais em um ano eleitoral, como será o de
2018. Temos que estar atentos porque caso o investimento não seja bem sucedido,
é o dinheiro dos servidores que estará em risco. Aplicações mal realizadas em
outras prefeituras, por exemplo, fizeram com que servidores perdessem recursos. Por
isso somos contrários as mudanças na política de investimentos e defendemos que
esse assunto seja amplamente debatido”, argumenta.

Mercado tem suas
próprias regras

Gomes ressaltou que mesmo
investimentos em fundo de aplicação estão sujeitos a irregularidades. O IPMC
comprou fundos da BTG Pactual no valor de 1.273.452,89, mas recentemente foi
noticiado pela mídia que os sócios da empresa estão sendo investigados pela
Lava Jato. “Os recursos foram retirados pela falta de repasse da prefeitura e
porque as notícias desfavoráveis fizeram despencar as ações da empresa.
Exigimos na reunião do Conselho que a BTG fosse descredenciada”, finaliza.

Há cinco anos, sindicato solicitava investigação do IPMC ao Ministério Público

De acordo com o documento, mais de R$ 21 milhões do fundo de previdência dos servidores foram investidos em 2009, nos fundos do Bank of New York Mellon (BNY). Após o IPMC solicitar o resgate do montante, o BNY informou que um “penalty” de 20% seria cobrado, caso o dinheiro fosse devolvido. Os gestores do IPMC se disseram dispostos a aceitar a perda, reconhecendo o péssimo negócio realizado.