Greca estuda aumentar número de crianças por sala

Uma criança quebrou a perna há pouco tempo em um dos cmeis da
capital. Embora a relação não seja automática, é fato que havia menos atenção a
ela, dado que apenas dois professores de educação infantil estavam em sala de
aula no momento do acidente.

Não bastassem os problemas estruturais, com paralisações de
obras e unidades sem uso, o prefeito Rafael Greca (PMN) pretende dificultar
ainda mais o trabalho dentro dos cmeis.

A conta de Greca na realidade é básica e conhecida: diminui-se
o número de profissionais e aumenta o número de crianças, uma vez que a demanda
por vagas na capital é grande.

“Tem cmeis em que profissionais já ficam sozinhos em alguns
períodos, caso do horário do sono, quando duas professoras saem para almoçar ou
para o lanche. Ou, mesmo na recepção, professoras ficam sozinhas com as
crianças”, relata Soraya Cristina, professora de educação infantil.

 Aumento injusto

A mudança aconteceria com a alteração da deliberaçãonúmero 02/2012 do Conselho Municipal de
Educação que versa sobre dimensionamento das turmas e relação professor/criança.

Servidores municipais apontam o risco de alteração do número
de crianças por profissionais em sala de aulas nos cmeis, diminuindo também o
número de profissionais de maneira geral.

“Será que é aumentando o número de crianças por sala que o
prefeito pretende resolver o déficit do número de vagas?”, questiona Adriana
Kalckmann, professora de educação infantil, referindo-se à lista de espera que
chega a 10 mil crianças.

Organização das turmas

A gestão quer mudança do número de crianças por profissional.
Isso vai afetar também a organização das turmas. Na turma B1 hoje são 15
crianças ao total e cinco por professor. No entanto, chega a alcançar no total 18 crianças. Com essa nova diretiva da gestão, pode-se regulamentar a atual arbitrariedade. 

“A novidade está no maternal 1, com a proposta de dez
crianças por profissional, em um limite de 30. Trabalho há 26 anos na rede e
nunca tivemos um limite de 30, o máximo que trabalhamos até hoje foi de 24”,
critica Maria Santos, professora de educação infantil.

Já no maternal 2, hoje trabalha-se com até 30 crianças e três
profissionais. E a nova sinalização da prefeitura visa a reduzir o número de
profissionais nessa turma, aumentando a relação entre número de crianças por
profissional.

No pré 1 e 2, quer se aumentar para 25 crianças por
profissional. Sendo que hoje o número é de até 20.

Número necessário
passa por chamada de concurso

Pelo dimensionamento médio de um cmei, seriam necessários 19
profissionais, contando com equipe de permanência, para preencher um
equipamento público.

Em média, então, para 18 novas unidades na cidade (doze
prontas e seis em construção) de cmeis, seriam necessários tão somente 340
funcionários convocados.

No caso da educação infantil, o concurso mais recente foi
feito em 2014 e a primeira leva de 210 profissionais tomou posse no dia 19 de
maio de 2014.

Do
total de aprovações nesse concurso, a prefeitura chamou, até
agora, de acordo com informações do Sismuc, 859 servidores de 2014
até 2017, no decorrer de três anos.

Em
2017, a convocação desse concurso convocou 75 pessoas, apenas em
caráter emergencial: casos como falecimento, exoneração e outros
afastamentos.

Restam
434 servidores que deveriam ser chamados, o que preencheria de sobra
a atual demanda e seria o necessário para preencher a lacuna de 18
cmeis hoje parados, sem atividade, sem servidores, e com muita
demanda social.

Intenção da prefeitura

Sinalização da prefeitura



B1 1 profissional a cada 6 crianças, até o limite de 18 crianças

B2 1 profissional a cada 8 crianças, até o limite de 24

M1 1 profissional a cada 10 crianças, até o limite de 30

M2 1 profissional a cada 15 crianças, até o limite de 30

Pré 1 1 profissional a cada 25, até o limite de 35

Pré 2 1 profissional a cada 25, até o limite 35



O que diz o Plano Municipal de Educação (PME)*



B1 1 profissional a cada 5 crianças, até o limite de 15 crianças

B2 1 profissional a cada 5 crianças, até o limite de 15 crianças

M1 1 profissional a cada 8 crianças, até o limite de 24 crianças

M2 1 profissional a cada 10 crianças, até o limite de 30 crianças

Pré 1 1 profissional a cada 15 crianças, até o limite de 20 crianças

Pré 2 1 profissional a cada 15 crianças, até o limite de 20 crianças

*Número muitas vezes desrespeitado pela prefeitura

Plano Municipal de Educação