Pacotaço já representou mais de 35% em perdas para servidores

O congelamento da data-base, do
plano de carreira e as medidas do pacotaço do prefeito Rafael Greca (PMN) já
representam perdas entre 29% e 36% em seus vencimentos. É o que aponta estudo
solicitado pelo Sismuc ao Departamento Intersindical de Estatística e Estudos
Socioeconômicos (Dieese). Os números são baseados na estimativa de reajuste de
5,78% para outubro (mudança da data-base).

Os dados analisam as atuais perdas
que os servidores já apresentam desde o início de 2017 devido ao adiamento da
data-base de 31 de março, bem como dos crescimentos – horizontal e vertical –
paralisados junto com a Lei 11000 e os planos de carreira dos servidores. Além
disso está refletido o aumento de impostos ao funcionalismo municipal e
aplicação do “Plano de Recuperação de Curitiba”, conhecido como pacotaço.

A metodologia do estudo leva em
consideração ainda a mudança da alíquota do Instituto de Previdência Municipal
de Curitiba (IPMC), de 11% para 14% na contribuição, e a projeção do acréscimo
previsto para a alíquota do Instituto Curitiba de Saúde (ICS), de 3,14% para
4,29%, mais R$ 49,56 por dependente, além da perda do preço do vale-transporte,
que passaria a ser adquirido como cartão.

O estudo do Dieese tomou como
exemplo inicial um servidor com vencimento de R$ 2 mil e 10 anos de serviço
público, tendo a lei referente ao plano de carreira (Lei 11000) como parâmetro.
Hoje, este servidor já deixou de ganhar 22,7% desde o começo de 2017, ou o
equivalente a R$ 493,76. Ele também chega a perder de modo geral- calculando
vencimento básico, adicional, vale transporte e descontos – 36%, ou R$ 944.

Se considerarmos um servidor com
vencimento de R$ 4,5 mil e 10 anos de serviço público, este já deixou 13,16%
desde o começo de 2017, ou equivalente a R$ 581. Quanto as perdas de modo
geral, a perda foi de R$ 29,36%, o que equivale a R$ 1.594,58.

Para o Sismuc, o arrocho salarial
é uma política do governo que quer “fazer caixa” na prefeitura com recursos dos
servidores. Greca opta em punir o funcionalismo, quando adota medidas de
renúncia fiscal e escolhe priorizar o aumento do contrato com empresas e
terceirizados.

Trabalhador
não sente queda da inflação

O Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatísticas (IBGE) divulgou em setembro que o Índice Nacional de Preços ao
Consumidor (INPC) acumulado nos 12 meses anteriores havia registrado 1,73%. Já
a prévia do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA-15) ficou 0,24
ponto percentual abaixo da taxa de agosto, quando marcou 0,35%.

A baixa da inflação não tem refletido
diretamente ao consumidor, pois ela resulta de um cenário de recessão,
desemprego e a perda do poder aquisitivo da população, como aponta Sandro Silva
supervisor técnico do Dieese. “A inflação teve um significativo aumento em 2015
e 2016, um acumulado de 17,65% em dois anos. Aliado a isso agravou-se a crise
econômica que atingiu o mercado, causou redução dos empregos formais e aumento
do desemprego. Um histórico danoso ao trabalhador”, afirma Sandro.

Antes de comemorar números, a população
precisa entender o custo benefício desta matemática da inflação. “Duas questões
devem ser consideradas quando falamos de inflação: uma questão são os preços e
outra é a renda dos pesquisados. Por mais que a inflação esteja baixa, os
indicativos apontam perda do poder aquisitivo da população desde 2015. É
preciso considerar todo esse conjunto de fatores O simples cálculo da inflação
é limitado”, aponta Sandro Silva, acrescentando que os indicadores não apontam
uma retomada consciente da economia.