Servidores públicos protestam contra qualidade do alimento servido em cmeis

Marina Alzão Felisberto, professora de educação infantil do Cmei
Eonides Terezinha Ferreira, na regional de Santa Felicidade, defende que há uma
série de problemas com a merenda, embora o cardápio disponível online realmente
apresente uma diversidade. Outros servidores consultados pela reportagem também
têm relatos na ponta da língua. É preciso ter maior controle e diversidade no
mercado, pedem.

“Sobra comida porque as crianças não querem comer, por causa
da aparência, carne sem cor, arroz ‘empelotado’. Assim como o leite
‘saborizado’ que pelo menos uma vez por mês vem azedo”, denuncia Marina. Que
reclama também da falta de canais para denúncia de problemas com a alimentação.

O vereador Goura (PDT) avalia que o modelo tem problemas na
sua concepção e estrutura. “O alimento é feito em Araucária de madrugada,
distribuído por caminhões pela cidade, então você tem um impacto de trânsito,
de congestionamento. O alimento é servido em copos plásticos. Muitas escolas
têm o talher metálico, mas em muitas o (plástico) é de má qualidade, servido em
um material fininho; a criança se machuca, o alimento cai”, critica.

Falta de contato com a
gerência

“Muitas vezes a comida vem fria para a criança, e o arroz
parece um grude. E não temos nenhum controle para registrarmos essas
ocorrências”, critica Marina Felisberto.

Patricia Samofal, da CAE, concorda que existem problemas atualmente
na relação entre a denúncia e a falta de canais para isso, entre a gerência
escolar e os problemas enfrentados por professores. O fato de as empresas serem
terceirizadas dificulta a relação, o contato e as avaliações sobre a comida.

Então, uma das saídas apontadas é aumentar o número de
nutricionistas, para até 10 nutricionistas, um por regional, para tentar
aproximar o profissional e a gerência das escolas. Porém, a gestão tende a
dizer (veja entrevista no quadro) que
Risotolândia e Denjud possuem o próprio quadro de nutricionistas.

“Quando estava no CIC, a gente reclamou no 156, e por e-mail
para a gerência de alimentação. Não surtiu resultado nenhum”, relata Marina.

ENTREVISTA – Secretaria Municipal de Educação (SME)

A revista enviou as seguintes questões, respondidas pela assessoria de imprensa da SME

REVISTA ÁGORA. Servidores públicos fazem a crítica a deficiências na alimentação dos cardápios oferecidos para o município. Apontam, inclusive, que o cardápio disponível online nem sempre reflete esses problemas. Como a SME enxerga esse debate?

Secretaria Municipal de Educação. Hoje, são servidas mais de 285 mil refeições diárias na Rede Municipal de Ensino. Os cardápios são elaborados por nutricionistas, baseados na Legislação Federal – Lei 11.947/09 que determina as regras do PNAE. O planejamento da alimentação é feito de acordo com o número de crianças/estudantes matriculados, receituário e cardápio.

As empresas contratadas são responsáveis pela execução deste cardápio, conforme determinação da SME. No entanto, é imprescindível a fiscalização e controle da alimentação no momento do recebimento em cada unidade, visando agilidade nas tratativas de qualquer irregularidade.

São elaborados vários tipos de cardápio (10), que as unidades escolares podem escolher o que melhor se adapta a sua realidade.

O cardápio disponível online é parte do planejamento. Podem ocorrer substituição de itens (trocas de cardápio) por motivo de força maior, como, por exemplo, com os produtos da agricultura familiar, que dependem muito das condições climáticas. No entanto, essas trocas devem ser previamente autorizadas pela equipe de nutricionistas da SME e os alimentos substitutos devem ter equivalência nutricional.

Problemas que possam vir a ocorrer com o fornecimento da alimentação devem ser comunicados imediatamente à Gerência de Alimentação e registrados nos relatórios pertinentes.

A Prefeitura visa garantir a segurança alimentar e nutricional dos estudantes da Rede Municipal de Ensino e reforça a necessidade de fiscalização de todos os envolvidos com o Programa. Portanto a ideia de constituir uma comissão intersetorial para discussão de mudanças na execução do programa é positiva.

De acordo com o Conselho de Alimentação Escolar (CAE), seriam necessários mais de 50 profissionais de nutrição para acompanhar a rede, ou ao menos um por regional. Por que a falta de profissionais nesta área e quais as consequências disso?

Nos contratos de alimentação é exigido quadro de nutricionistas habilitados para todo o processo de fornecimento, bem como de supervisão nas unidades escolares, conforme estabeleceu o edital de contratação. As empresas contratadas dispõem de nutricionistas para supervisão junto aos locais, para fiscalização dos serviços prestados nas unidades, nutricionistas responsáveis pela produção, além dos nutricionistas coordenadores dessas equipes. Ao todo, 38 nutricionistas das empresas contratadas fazem o trabalho.

A prefeitura mantém a equipe da Gerência de Alimentação, que é responsável pelo monitoramento desses contratos. No entanto, é fundamental a parceria com as unidades escolares, onde os profissionais estão em contato direto, diariamente, com a alimentação e também com os beneficiários do programa.

Quais são os espaços que professores de educação infantil e professores municipais dispõem para avaliar a qualidade da merenda e/ou denunciar problemas de infraestrutura? Há reclamações de servidores de não haver canais suficientes para isso.

Cada refeição é entregue na unidade acompanhada de um documento descritivo o qual é chamado mapa de conferência. Neste documento, são registrados os alimentos per capita e quantidade total recebida. As unidades são orientadas que intercorrências que interfiram no consumo de alimentos devem ser registradas para que as providências possam ser tomadas junto à empresa.

Da mesma forma, fazem parte da avaliação do fornecimento da alimentação os relatórios de aceitabilidade e de prestação de serviços, onde são registradas a aceitabilidade e ocorrências, caso existam.

Os profissionais da educação que atuam diretamente com as crianças colaboram no preenchimento dos relatórios onde apontam a aceitabilidade dos alimentos por parte dos estudantes.

Os canais de comunicação direta com a Gerência de Alimentação, já informados às unidades escolares, são o e-mail: alimentacao@pmc.curitiba.pr.gov.br e os telefones 3350-3658; 3350-3654 ou 3350-3044. O celular de plantão é 99951-7254.