Parcerias com movimentos sociais é fundamental para enfrentar retrocessos

Cada
dia que passa, os brasileiros se dão conta que a agenda liberal
adotada nos governos federal, estadual e municipal faz apertos apenas
nos trabalhadores enquanto mantém regalias dos mais ricos. De um
lado, se congela salários, carreiras, programas sociais e se faz
cortes em áreas voltadas para a população. De outro, os juros
seguem altos, os governos perdoam sonegadores e ainda mantém
isenções. O resultado disso tudo é o enfraquecimento das lutas
sociais. Em ciranda do Sismuc, atores de diversas áreas apontaram os
retrocessos e a necessidade de aumentar as parcerias para enfrentar a
agenda conservadora.

A
mudança de rumo foi tema do professor Paixão, liderança do
movimento negro. Ele
destacou
que a intolerância tem se tornado uma marca no Brasil e os
movimentos sociais têm sentido isso na pele.“Em
pleno século XXI, estamos vivendo um momento bem difícil com tanto
ódio nas redes sociais”.
Paixão
afirmou que
em Curitiba a situação se agrava uma vez que os três governos
federal, estadual e municipal têm o objetivo de agradar o mercado e
atender sua agenda, dando as costas para o povo.

O
líder, por outro lado, aponta uma estratégia. Para ele, uma das
formas de enfrentar esses recuos é que os sindicatos incorporem as
lutas dos movimentos sociais. Segundo paixão, não é mais possível
que as entidades se restrinjam a sua pauta específica. “É
recente essa visão de que é necessário fazer a luta de classes
aliando a pautas específicas. Não é possível falar de exploração
sem citar a escravidão”, compara.

Pensamento
semelhante de Casturina Berquó, que coordena a pasta de movimentos
sociais do Sismuc. “Para onde a gente olha vê um direito sendo
tirado. Se a gente ficar isolado apenas em nossas pautas e não
somarmos forças, vamos perder todos. É necessária uma luta
constante contra aqueles que tomaram o poder para impor uma agenda
sem povo e a favor do mercado apenas”, direciona.

Vítimas
do momento

A
comunidade LGBTI é uma das principais vítimas da onda liberal
conservadora brasileira. Márcio Marins, líder do Dom da Terra Afro
LGBT, conta que a comunidade LGBTI é extremamente perseguida. “Somos
considerados pecadores, criminosos e, posteriormente, doentes”.

Márcio
também destacou a recente decisão que permite tratar homossexuais
com problemas psicológicos. Para ele, está po trás disso um grande
lobby para de comunidades terapêuticas em busca de grandes emendas
parlamentares.
“Funcionam
como verdadeiros campos de concentração religiosos”,
destaca. Os retrocessos políticos também foram destaque na fala de
Marinse
é
um dos temas abordados na revista Ágora de outubro.

Juventude

Já
Juliana Mildemberg abordou a relação dos sindicatos com a
juventude. Ela relata que o governo golpista deu as costas para a
juventude. As conferências não tem sido realizadas e as políticas
não estão sendo desenvolvidas. Mesmo assim, o distanciamento entre
jovens e entidades têm enfraquecido a luta. “Há uma lacuna entre
o movimento estudantil e o sindical. Me parece que os jovens, depois
que entram no mercado de trabalho, não segue na luta”.

Juliana,
que é professora de educação infantil e também estudante, vê a
necessidade de aproximação entre os públicos.
“47%
dos servidores da Prefeitura de Curitiba é formado
por jovens entre 18 e 35 anos. Isso em 2015. Mas essa percentagem
está distante dos sindicatos”,avalia.

Todos
juntos

A
retomada e o fortalecimento dessa aliança foi tema de
Guilherme
Daldin,
que milita na cultura. Ele comentaa
importância dos movimentos que militam em pautas específicas irem
associando as lutas as necessidades de outros grupos. Na época da
ocupação do Iphan,
o Sismuc foi um dos primeiros sindicatos a apoiarem o movimento. Em
contrapartida, a cultura participou da greve oferecendo seus
instrumentos que é a arte.

“Por
muito tempo, a cultura se organizou em torno de editais. Mas quando
fizemos a ocupação do
Iphan,
não era apenas a luta contra o fim do Ministério
daCultura.
Por trás havia uma tática. Era a demonstração de resistência ao
golpe”, amplifica o debate.

O
Sismuc tem buscado fazer essas conexões entre a pauta dos servidores
e os movimentos sociais. Um desses casos é a coordenação de
mulheres que tem coluna fixa na Ágora e diversos 
eventos.
De
acordo com Maria Aparecida Martins Santos, as mulheres são maiorias
na sociedade e no serviço público, mas não ocupam postos de
comando.
Ainda mais depois do golpe. O governo de Temer exclui elas dos
postos de comando e em Curitiba, elas não são nem 50% dos
secretários. “Somos muitas, mas temos poucos direitos”.

É necessária uma luta constante contra aqueles que tomaram o poder para impor uma agenda sem povo e a favor do mercado apenas