Relato da professora de educação infantil, chamada Pâmela,
demonstra os dois lados da questão sobre os cmeis prontos e abandonados em Curitiba, deixando a população sem vagas para matricular os filhos. Ela vivenciou o lado do profissional da educação infantil
sobrecarregado pela gestão e, ao mesmo tempo, da mulher trabalhadora que
precisa de uma vaga em berçário para os filhos pequenos. Ela sofreu as duas
opressões.
A reportagem completa foi publicada na revista Ágora, de setembro:
“Minha filha nasceu em
abril de 2016, em maio do mesmo ano fiz a inscrição dela para vaga no cmei onde
trabalho e também em um próximo que estava para ser inaugurado. Em agosto como
não fui chamada nesses dois Cmeis fiz a inscrição em mais três cmeis da região
próximos à minha casa.
Em todos já no ato me
disseram que não havia vaga, contudo no cmei onde trabalhava foram chamadas
duas crianças, sem nem ao menos virem fazer visita na minha casa. Tinha que
voltar a trabalhar no final de setembro, mas não tinha condições de pagar uma
escolinha particular, minha sogra trabalha em tempo integral e minha mãe teve
um derrame em maio de 2016 (graças a Deus não teve sequelas graves, mas àquela
altura não podia ficar com um bebe de 6 meses). A situação toda me abalou
psicologicamente. Foi uma fase difícil. Depois de pegar alguns dias de atestado
optei por faltar. Antes de começar a faltar já tinha entrado com uma ação por
conta do meu direito a vaga no cmei.
O juiz deu parecer
favorável em dezembro, mas ate hoje não me chamaram pra efetuar a matrícula em
nenhum dos Cmeis que fizemos a inscrição. Voltei a trabalhar em fevereiro,
respondendo um processo de exoneração por falta, mudei de cmei e minha filha
fica num CEI longe de casa, tenho que pegar ônibus para buscá-la e preciso da
ajuda de meus sogros pra pagar a mensalidade.”