Número de greves municipais alcança 649 em 2016

Documento do Departamento de Estudos e Estatísticas Intersindicais
(Dieese) levantou o número de greves de 2016, tanto no setor público quanto no
privado.

No geral, nos três níveis do funcionalismo (federal, estadual
e municipal) foram 979 greves e mais de 96 mil horas paradas. Além de 121 greves em
empresas estatais.

Uma primeira característica do documento do Dieese é o
predomínio de paralisações novamente no setor público em comparação com o setor
privado, que apresentou 986 greves. Esse dado representa uma mudança na tendência observada ao longo dos anos 2000, quando trabalhadores do setor privado haviam recuperado iniciativa de lutas. 

Prevaleceu também, em 2016, a pauta defensiva, contra a
retirada de direitos, própria do período de gestão Temer (PMDB), a partir do golpe de 2016, que vem retirando direitos
trabalhistas.

Municipais e luta
defensiva

A maioria das greves no serviço público ocorreu para evitar
perda de direitos ou salários em atraso. São as chamadas pautas “defensivas”. Somente 22% das greves não foram por bandeiras defensivas, mas por temas propositivos. 

Embora todos os setores do funcionalismo público – federal,
estadual e municipal -, tiveram o predomínio dessas pautas defensivas, os
municipais se destacam nesse quesito, com 522 greves defensivas contra apenas
307 propositivas – o que pode refletir o impacto de políticas de ajuste fiscal
nas cidades, forçando o servidor a defender manutenção de direitos. 

A principal pauta dessas greves foi contra o atraso salarial
promovido por prefeituras: 35,6%, seguida por condições de trabalho (26,3%) e
contra o atraso no Plano de Cargos e Salários (15,4%).

No caso de Curitiba, com os ataques de Greca (PMN), em 2017, a
tendência é que os dados referentes ao atual ano sejam piores.

Mais dados

Judicialização



A judicialização da greve e o envolvimento do Judiciário alcançou 33,8% das negociações municipais.



Local de trabalho



Apenas 11,2% das greves ocorreram a partir de problemas nos locais de trabalho, mas o que pode, ao mesmo tempo, apontar caminhos para a resistência contra retirada de direitos.



O local de trabalho é o espaço prioritário para cada servidor se organizar.



Terceirizados também se envolvem



O documento do Dieese destaca ainda, desde 2012, a incidência de greves entre trabalhadores terceirizados. Isso acontece na esfera privada e também na pública, a partir de trabalhadores em coleta de lixo e limpeza pública, rodoviários do transporte coletivo urbano, enfermeiros e profissionais de OSs.