Democracias, golpes e falta de representatividade no Brasil (e na América Latina)

A campanha “Venezuela
Coração da América”, lançada pelos movimentos sociais para defender o
direito à Constituinte naquele país, expõe o debate sobre a participação
efetiva do povo nos rumos de um país. Fica a pergunta: Por que o medo de uma
Constituinte? 

A fragilidade das democracias na América Latina reside também no
seu desvinculo com a vida das pessoas. Desde 1991, caíram 17 presidentes em
nosso continente. Porém, um detalhe: 13 deles foram tirados pela insatisfação
aplicando programas neoliberais, outros três presidentes de esquerda foram derrubados
de forma institucional. E, desde os anos 2000, quando acontece a “primavera” de
governos em vários países com políticas populares, foram sete tentativas de
golpes institucionais.

Sete tentativas de
golpes contra presidentes populares

Foram sete tentativas de golpes contra presidentes com
programa popular e de políticas públicas. Contra Chávez (Venezuela, 2002),
Aristides (Haiti, 2004), Evo Morales (Bolívia, 2008), Zelaya (Honduras, 2009)
Correia (Equador, 2010), Lugo (Paraguai, 2012) e contra Dilma Rousseff, em
2016. Em comum, a participação, direta ou indiretamente, dos EUA, o
encaminhamento do golpe via parlamento, e o fomento artificial de uma classe
média de “oposição” ao regime, reivindicando uma oposição popular – caso da
Bolívia, Brasil e Venezuela.

Polarização na disputa
política

Com isso, as eleições mais
recentes nos países do continente, desde 2014 (veja imagem) foram muito mais disputadas. Nas mais recentes dez
eleições na América do Sul, seis delas foram com margem menor que 5% de
diferença. Candidatos neoliberais ganharam três eleições (Paraguai, Argentina e
Peru). A esquerda venceu em cinco eleições (Brasil, Equador, Venezuela, Bolívia
Chile, Uruguai e Venezuela), três delas com pouca margem de diferença.

No Brasil, menos
partido e legendas de aluguel

Partido “Novo”, PSD de Kassab, Rede de Marina Silva, etc. Partidos
surgem ou se reciclam com o discurso da “nova política”, somando 35 ao todo no
Brasil. Com isso, é urgente uma reforma que acabe com legendas de aluguel.

Cabeça de cacique

Um partido não surge da cabeça de velhos caciques, mas da
mobilização real de setores da sociedade e dos trabalhadores. O Podemos,
encabeçado por Álvaro Dias, não tem nada a ver com a experiência popular da
Espanha. Por isso uma Constituinte popular, que envolva a participação de
setores da sociedade, para repensar o sistema político, é temida no Brasil.
Assim como na Venezuela………