Pela manhã, servidores ocupam Câmara, sofrem truculência, e votação é suspensa

A cidade amanheceu com a Câmara Municipal de Curitiba lotada
de policiais em volta.

O comando da PM não divulgou números de início, mas o
contingente policial está na casa de centenas.

Servidores passaram a madrugada em vigília, apesar do frio e
da umidade. Porém, pela manhã, eram poucos. Tudo indicava então que a votação
aconteceria mesmo às 9 horas.

“Estamos vendo aqui mais policiais do que servidores na
Câmara. É antidemocrático, ilegítimo e é ilegal o uso do aparato policial para
impedir o acesso dos trabalhadores às galerias”, criticou Ludimar Rafanhim,
advogado do Sismuc.

Só que, em pouco tempo, a praça Eufrásio Correia, em frente à
Câmara, estava lotada. Professoras, servidoras e coletes dos diferentes ramos
do funcionalismo eram vistos por ali.

Direito 

Revoltados com a situação, servidores se concentravam na
frente das barreiras policiais, aos gritos de “retira, retira, retira o
pacotaço!”.

Questionavam também por que serem recebidos desta maneira
numa casa que, como se diz, é a “casa do povo”. Somente dois diretores de cada
sindicato tiveram possibilidade de acesso ao interior da Câmara.

Servidores faziam questão de ressaltar que não estavam fora
da lei. A professora de educação infantil, Zenaide, estava ao lado de colegas
de trabalho no protesto.

“Eu acho um absurdo a gente se deparar com uma situação
dessas. Não somos bandidos, estamos exercendo a nossa democracia. Estamos aqui
simplesmente para defender o que é do estado de direito”, diz.

Ocupação

Por volta das 10h, quando a sessão na Câmara seria iniciada, depois de reunião
entre as lideranças, a pressão aumentou por parte do funcionalismo e cerca de
30 pessoas ocuparam o Plenário, depois de enfrentamento entre policiais e
manifestantes.

A violência policial estava forte, uma tragédia poderia ter
acontecido. Pelo menos três pessoas foram levadas de ambulância, sem contar
outros feridos com golpes de cacetetes, enforcamentos ou intoxicados pelo spray de gás pimenta. Na entrada das
escadarias, um dos vereadores, Goura (PDT), pedia pela suspensão da sessão.

“Se vereadores tiverem bom senso, devolvem os projetos
para o executivo”, criticou a professora
Josete (PT), quem trocou farpas com o líder do governo na Câmara, Pier
Petruziello. No começo da tarde, a votação foi suspensa por tempo indeterminado e não será votada até segunda-feira, mas o
vereador afirma que não será retirada da agenda da casa.

A desconfiança dos servidores segue forte e por isso a
mobilização não deve parar até que os projetos sejam devolvidos ao executivo.

Também no início da tarde, mandato de reintegração de posse
foi emitido. A juíza Patrícia de Almeida Gomes, da 5a Vara da Fazenda Pública de Curitiba, concedeu a reintegração de posse do legislativo municipal e estabeleceu uma multa diária de R$ 100 mil em caso de descumprimento. Ela atendeu ao pedido do presidente da Casa, Serginho do Posto (PSDB). 

Com a experiência da aprovação na base do tratoraço, método
usado por Beto Richa no dia 12 de fevereiro de 2015 e também no dia 29 de
abril, população e servidores não devem deixar de pressionar os vereadores, em frente à casa que deve voltar a ser do povo.