O Brasil derrete rapidamente

Um ano após o golpe, a revista Ágora chega às ruas
discutindo os efeitos de um governo voltado paras as elites e que adota medidas
apenas contra o povo. Dos cortes nos serviços públicos à falta de políticas
para a retomada do crescimento, a percepção na economia e no social é de que “O
Brasil está derretendo”.

A transformação do Brasil em um país de “quinta categoria”
tem ocorrido em todas as esferas de pode, onde privilégios são mantidos e os
chamados ajustes ocorrem somente em cima da classe trabalhadora. Nesse sentido,
a revista abre com a coluna “Pensata”, do filósofo Pedro Elói, que avalia as maldades do prefeito
de Curitiba, Rafael Greca (PMN), desde o seu retorno: “A primeira [medida] se
voltou contra a população mais pobre que usa o transporte coletivo”, alerta.

Greca também é subtema do “Ponto de Vista”. O prefeito, que
chama trabalhadores de burros, apela para o populismo ao dizer a la Michel
Temer que os servidores devem trabalhar e que em países civilizados não há
greves. Diante disso, o sociólogo e assessor sindical César Schltz mostrou que
quando mais educada uma sociedade, maior é sua capacidade de mobilização. Ele
faz um tour por Argentina, França e Alemanha, demonstrando como esses trabalhadores
se mobilizam.

Subindo uma esfera de poder, o jornalista Júlio Carignano
aponta o desmonte do governo de Beto Richa (PSDB) na educação. O foco é a universidade pública, em que um
projeto neoliberal quebra economicamente e a autonomia do ensino superior.

Indo um pouco mais acima, a revista Ágora traz duas
reportagens que tratam do desmonte do Brasil. A reportagem de capa assinada por
Paula Padilha e Manoel Ramires desconstroem a versão do governo federal e
muitos veículos de imprensa de que o Brasil está se recuperando. Pelo
contrário, a nação está derretendo nos empregos, indústria e nos direitos. A
matéria mostra que o golpe fritou a economia brasileira: “A perspectiva é a de
que a economia brasileira continuará paralisada”, aponta o texto. Já a
reportagem “Governo Temer descarta crédito e investimento de longo prazo”, de
Pedro Carrano, avalia que os golpistas têm atrofiado o BNDES, importante banco
de financiamento das exportações, engenharia e construção nacional.

Ainda nesse tema do desmonte, texto do jornalista Fagner
Torres em “Coordenadas Sindicais” aponta os impactos da terceirização sem
limites. Ele traz um depoimento pessoal destacando que o ambiente de trabalho
entre contratado e contratante é um imenso limbo. Já o advogado Ricardo Antunes revela “As
mentiras que os contam sobre a justiça do trabalho”. Permanecendo no tema
nacional, o cartoon da revista aborda o papel da Polícia Federal e o espetáculo
de suas operações na destruição da indústria brasileira. Primeiro o petróleo,
depois a construção, e mais recentemente a agropecuária. Qual será o próximo
alvo?

Ágora ainda destaca, em “Curtas”, dez produtos da reforma
agrária. Traz, em “3 Cliques”, fotos de Isabella Lanave, considerada pela
revista Time “uma das 34 fotógrafas da nova geração a serem seguidas”. Em “Mulheres”,
a advogada Naiara Bittencourt afirma que as mulheres trabalhadoras são as mais
oprimidas. Por fim, “Radar da Luta” aborda as lutas do ano.

A revista, em seu segundo ano e 14ª edição, é produzida pelo
Sindicato dos Servidores Municipais de Curitiba (Sismuc), sob a coordenação de
Soraya Zgoda. Ela pode ser encontrada nos melhores sindicatos e no site da
entidade. O projeto gráfico é da CTRL S, responsável pela capa que remete a
obra “Operários” de Tarsila do Amaral.