Greca não quer pagar reajuste e ainda retirar direitos e recursos dos municipais

O Sismuc se reuniu com a Prefeitura de Curitiba
após o prefeito Rafael Greca anunciar na imprensa o pacote de medidas em que
tenta transferir a data-base dos municipais para novembro e sem reajuste
definido. Além disso, o governo municipal pretende realizar diversas alterações
na organização dos trabalhadores que retiram direitos. É o caso de cortes em
gratificação por risco de saúde e no vale alimentação. Ao término da reunião, a
gestão entregou o Projeto de Lei que consta as maldades de Greca. O projeto é
protocolado hoje (28), na Câmara Municipal.

No
entanto, o modelo atual é de encaminhar projeto ao legislativo sem antes
debater com os municipais.A administração escolheu fazer a discussão na
Câmara Municipal antes de ter mesa de negociação com os servidores. “A
opção da administração foi adotar outro foro de debate para os ajustes”,
direciona a superintendente da secretaria de recursos humanos, Luciana Varassin.
Essa foi a primeira reunião para discutir
efetivamente a pauta dos municipais. A reunião só ocorreu após o prefeito
Rafael Greca anunciar o pacote diretamente à imprensa. O modelo foi questionado
pelo Sismuc. “Esse
modelo é muito ruim. Na tradição, primeiro se negociava e depois ia pra Câmara.
Isso ocorria na gestão Ducci e Fruet. Que debate podemos ter se o prefeito diz
na TV que vai retirar a data-base em uma canetada?”, critica a coordenadora
jurídica, Adriana Claudia Kalckmann.

Inclusive, ao término da reunião, a
gestão entregou o projeto de lei que está chegando à Câmara Municipal sem antes
debater os tópicos com os municipais. Uma postura considerada autoritária pelo
sindicato. “O que
percebemos aqui é que não tem nada palpável para os servidores. É um
absurdo”, critica o coordenador Jonathan Ramos.

Estelionato Eleitoral

A Prefeitura de Curitiba foi duramente criticada pelos representantes
dos municipais. O principal problema é que o governo quer aprovar um pacote de
maldades na marra, encaminhando o projeto sem mostrar as contas da gestão de
forma transparente.

“Estamos
diante de um estelionato eleitoral. Várias pessoas da outra gestão permaneceram
neste governo. Essas pessoas sabiam das contas da Prefeitura de Curitiba. No
entanto, o prefeito não apresentou nada disso na campanha eleitoral e somente
agora faz essas reformas no lombo do servidor”, questiona o advogado Ludimar
Rafanhim.

O
argumento fez coro nas palavras de Jonathan, que expôs números diferentes do
DIEESE. “O prefeito faz essas discussões na mídia. Mas não chama os
sindicatos para o debate e não torna público os números, uma vez que o DIEESE
tem números diferentes com bases dados da transparência da prefeitura”,
comprometeu.

Os membros
da gestão se defenderam. Apesar de não apresentar as contas da Prefeitura,
alegaram que o pacote não deve tramitar em regime de urgência. “Não se
trata de estelionato. A cada gaveta que a gente abre tem uma conta nova pra
pagar. A situação financeira apresentada não é a mesma que recebemos”,
argumentou Varassin.

Sem reajuste e com descontos

O projeto
que chega à Câmara Municipal posterga para 31 de outubro a data-base dos
municipais. No entanto, o projeto sequer aborda qual é o valor do reajuste após
20 meses desde a última negociação. O projeto, além de achatar o 13º salário,
ainda retira vale-alimentação de servidor que falte um dia.

Por outro
lado, além de ficar sem o reajuste, Greca ainda quer aumentar o desconto previdenciário
dos servidores de 11% para 14%. Índice 3% acima do teto do INSS. O “chicote no
lombo” dos servidores também foi alvo de críticas.

“A
prefeitura não dá reajuste e ainda faz cortes que reduzem salários dos
servidores. Não adianta fazer uma apresentação a la power point que os servidores não vão aceitar facilmente”,
denuncia Ludimar.

Assembleia geral

Os
municipais realizam no dia 31 de março paralisações de 50 minutos nos
equipamentos. Além disso, convocam uma assembleia geral para o mesmo dia. A
pauta discute o indicativo de greve já para a próxima semana, quando o projeto
passa a tramitar pelas comissões.