Greca, PIB e retrocesso

O Brasil tem caminhado para o abismo econômico e social. As
medidas adotadas pelo governo ilegítimo de Michel Temer tendem a ampliar as
desigualdades e amplificar a pobreza no país. Todas as reformas apresentadas
retiram direitos e benefícios da classe trabalhadora. Enquanto isso, as
regalias dos políticos e do mercado financeiro são mantidas. A começar pela PEC
da Maldade, que limitou os investimentos em saúde, educação e assistência
social enquanto são mantidos os juros para o mercado e regalias como auxílios
moradias para juízes.

Aliás, o Brasil paga mais ao mercado financeiro para
amortizar a dívida do que benefícios previdenciários. Em 2015,
segundo dados da Associação Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal
do Brasil (Anfip), o Brasil pagou R$ 502 bilhões de juros e R$ 436 bilhões com
benefícios previdenciários. Uma diferença de 66 bilhões. As despesas com juros
consumiram 8,5% do PIB, ao passo que as despesas previdenciárias foram da ordem
de 7,5% do PIB. No entanto, o governo Temer tenta enxugar o INSS e fazer com
que o brasileiro celetista ou estatutário seja empurrado para previdência
privada para ter algum dinheiro a mais antes de “morrer trabalhando”. Resta
saber: como o cidadão sem poder de compra conseguirá contratar previdência
complementar? É uma ilusão.

Por outro lado, as medidas adotadas se
justificam pela retomada da economia ao tentarem agradar o mercado financeiro.
No entanto, após um ano de medidas neoliberais, o resultado negativo se
intensificou, de acordo com relatório do Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE). A queda no Produto Interno Bruto (PIB) é de 3,6%. As três
atividades que compõem o PIB tiveram redução de desempenho: agropecuária
(-6,6%), indústria (-3,8%) e serviços (-2,7%). A indústria de transformação
teve queda de 5,2% no ano. A construção sofreu contração de – 5,2%, e a
extração mineral recuou de – 2,9%. O resultado dessa austeridade é que o Brasil
apresenta 40 milhões de trabalhadores em situação vulnerável e 12 milhões
de desempregados.

E números tão negativos têm consequências no atendimento à
população, principalmente nas prefeituras. Com o brasileiro mais pobre, se
aumenta a demanda por escolas e cmeis, unidades básicas e de pronto atendimento
e assistência social. Mas adivinhem ondem é justamente que os gestores
municipais estão pretendendo fazer cortes? Isso mesmo, no serviço público. Seja
cortando políticas públicas, seja avançando sobre fundos previdenciários, seja
tentando congelar salários. Já os prefeitos, assim como Temer e seus asseclas, mantêm
contratos milionários, seus cargos comissionados e são tímidos em cobrar a
dívida de devedores da gestão local.

Greca, prefeito de Curitiba, não foge a esse script. Desde
que assumiu, a estratégia adotada segue sendo criticar o ex-prefeito e dizer
que não vai pagar sequer a inflação dos servidores municipais em sua data-base,
31 de março. Ele tem preferido receber empresários em seu gabinete. No último
dia 10, por exemplo, recebeu representantes de escolas particulares. A ideia
deles é lucrar com a oferta de vagas para crianças de 0 a 5 anos. Tudo isso em
meio a cmeis inaugurados e sem funcionamento e não pagamento de transição de
professores.

Na missiva de Greca, também é escolha varrer o centro da
cidade e do centro da cidade moradores em situação de rua e fiscalizar a balada
da juventude. Impossível desassociar tal modelo político com a frase dele
dizendo que “vomita com pobre”.

Com essa postura, Greca mostra que não saber fazer. Resultado
disso é que em menos de 90 dias de gestão, a população desaprova seu governo.
Ele é mal avaliado até no site da Prefeitura de Curitiba. Em enquete que durou
quatro dias, 70% disseram que seu governo é pior do que o anterior. Índice que
deve se ampliar se ele insistir em não receber o Sismuc e os municipais para
debater os desafios da cidade. A época de reis totalitários não aguenta um
escracho nas redes sociais. Greca tem que fazer muito mais do que dizer que
“está pobre e que as mulheres precisam ser amadas e não emponderadas”. Embora
seu mandato seja de quatro anos, a paciência tem limite bem curto.

Com o brasileiro mais pobre, se aumenta a demanda por escolas e cmeis, unidades básicas e de pronto atendimento e assistência social