Caixa e BB em processo de sucateamento

O número máximo de funcionários nas empresas públicas já
havia sido limitado na virada de 2015 para 2016, mas foi após o impeachment que
o processo de sucateamento dos bancos públicos tornou-se evidente de dentro
para fora das instituições financeiras: o governo Temer que jogar no colo dos
bancos privados os serviços até então prestados com responsabilidade social
pelo Banco do Brasil e pela Caixa.

Para o movimento sindical bancário, o objetivo dessa nova
linha do governo federal é deixar somente alguns serviços a cargo dos bancos
públicos, como apêndices do Estado, e todos os outros serviços financeiros
serem deixados de bandeja para as altas taxas de juros e tarifas cobradas da
população com ainda mais voracidade pelos bancos privados.

Redução de postos de
trabalho

A atual fase de sucateamento é a de redução de postos de
trabalho. Na Caixa, o banco promoveu em fevereiro um Plano de Desligamento
Voluntário Extraordinário (PDVE). A meta da Caixa era de desligar 10 mil
trabalhadores
,
foram 4.645 adesões ao plano de demissão. E não era direcionada somente a
aposentados, abrangia também os cargos comissionados e com maior tempo de
banco: os de maiores salários. Essas vagas não são repostas. O último concurso
para a Caixa foi em 2014, com 32 mil aprovados no país, sendo 500 em Curitiba.
Menos de 10% foram chamados.

No último Plano de Apoio à Aposentadoria (PAA), em junho de
2016, o banco perdeu outros 5 mil trabalhadores. Somando, pode representar uma
redução de cerca de 20% do quadro de funcionários.

Fim da carreira
estável

No Banco do Brasil, o golpe foi na carne dos trabalhadores.
Em novembro de 2016 o banco anunciou que passaria por um processo de
reestruturação, com o fechamento de 402 agências pelo país e a transformação de
outras 379 agências em postos de atendimento. Após as primeiras transferências
e esvaziamento notório de funcionários em agências bancárias, o banco
descomissionou gerentes, rebaixados a escriturários de um dia para outro. O
Sindicato recebeu relatos de reduções salariais de até R$ 5 mil, R$ 6 mil.

A consequência dessa reestruturação na vida dos bancários
foi dramática. Agências fecharam, os bancários foram transferidos. A oferta de
vagas para mesmo cargo somente com mudança de cidade. Não há vaga para
permanecer no mesmo cargo para todo mundo. As denúncias dos bancários é que
somente amigos de gestores teriam sido beneficiados com promoções. Os que
perderam suas comissões estão recebendo uma verba temporária que não equipara
ao salário anterior e que pode ser retirada quando o banco quiser.

Em novembro de 2016 mais de 9,4 mil trabalhadores aderiram
ao Plano Extraordinário de Aposentadoria Incentivada (PEAI). Foram extintos
8.569 postos de trabalho em doze meses e também não há concursados sendo
chamados, nem previsão disso, para repor essas vagas.

Quem perde é a
população

Em recente análise divulgada, o Dieese atribui o processo de
reestruturação no BB “à orientação da política econômica do atual governo,
baseada, entre outras medidas, na redução do papel do Estado, inclusive dos
três principais bancos federais – Banco do Brasil, Caixa e BNDES”.

O órgão relembra que pós crise mundial de 2008, as medidas
anticíclicas anunciadas pelo Governo Lula promoveram o enfrentamento à crise
dentro do país. “Em 2009, os bancos federais evitaram o agravamento dos
reflexos da crise internacional no país, pois mantiveram a oferta de crédito
num momento de forte recuo dos bancos privados. Com essa atuação anticíclica,
houve forte expansão da base de clientes do Banco do Brasil e da Caixa e para
atender à expansão dos seus negócios eles voltaram a contratar e ampliaram suas
estruturas de atendimento. Segundo dados do Banco Central, desde a crise
financeira de 2008, o crédito nos bancos públicos cresceu 135,4% em termos
reais”.

O Dieese defende que a reestruturação no BB “poderia ser
feita preservando-se a atuação anticíclica desses bancos, que seria fundamental
no atual cenário recessivo”. E que o encolhimento do atendimento presencial em
agências físicas, a forte restrição ao crédito e as elevadas taxas de juros
irão penalizar os clientes de mais baixa renda e elitizar ainda mais o
atendimento bancário no país.