Para Coletivo de Mulheres do Sismuc, luta contra reforma da previdência é para além do 8 de março

Nesta quarta-feira(08), o Coletivo de Mulheres do Sismuc participa das atividades alusivas ao Dia Internacional das Mulheres em Curitiba. A concentração do ato público “Nem Uma Mulher a Menos | Nenhum Direito a Menos”, terá início às 17h, na Praça Santos Andrade – em frente ao prédio histórico da UFPR. A pauta das mulheres inclui a luta contra as Reformas da Previdência e Trabalhista e da Medida Provisória Nº 746 (reforma do ensino médio). Elas ainda marcham pelas ruas da cidade em defesa dos Direitos Sexuais e Reprodutivos, das Mulheres Negras e Indígenas e LBTI (lésbicas, bissexuais, transexuais/travestis e intersex) e de Políticas Públicas para Mulheres. O encerramento da atividade, na Boca Maldita, contará com a discussão pública sobre Violência Contra a Mulher.

A coordenadora de Mulheres do Sismuc, Maria Aparecida Martins Santos, que participou de todas as reuniões organizativas para a realização do 8 de março – juntamente com representantes de cerca de 50 entidades – afirma que a luta das mulheres não precisa ter uma data específica para ocorrer, pois é uma luta cotidiana. “A reforma da previdência, por exemplo, que está em discussão na sociedade, atinge todos os profissionais ligados ao setor privado e público. Nós, servidoras públicas, também seremos atingidas. A idade mínima para a aposentadoria vai se igualar a dos homens, que será de 65 anos. No entanto, diferente deles, temos jornada dupla; muitas vezes não podemos nem nos afastar do trabalho para criar os nossos filhos e ainda convivemos com a informalidade no mercado do trabalho, com salários menores. Além disso, para termos os direito à integralidade da nossa aposentadoria, teremos que contribuir por 49 anos. Não podemos permitir essa reforma. As mulheres não vão pagar a conta deste governo ilegítimo”, protesta Maria.

Maria lembra que a data também impulsiona as mulheres a denunciar as diferentes formas de violências e abusos. “O 8 de março está voltado para a figura da mulher e nada melhor do que falar sobre os abusos que elas sofrem. A nossa luta é para lembrar que em todos os momentos históricos as mulheres foram submetidas a tratamentos desiguais e muitas formas de violências foram silenciadas. Hoje podemos e temos espaços para denunciar e cobrar a punição para os agressores e criminosos”, lembrou Maria.

Seminário de formação em gênero e direitos – O Coletivo de Mulheres do Sismuc realiza no próximo dia 10 de março o seminário “A Reforma da Previdência e o impacto para as mulheres.” Atividade acontece na sede do Sismuc, às 19h, e vai contar com a participação da Secretária da Mulher Trabalhadora da Central Única dos Trabalhadores do Paraná (CUT-PR), Anacélie Azevedo, da doutora em Sociologia, Eliana Maria dos Santos e da advogada Giuliana Alboneti.

8M Greve Internacional das Mulheres – O Coletivo de Mulheres do Sismuc apoia a Greve Internacional de Mulheres (GIM), conhecida ainda como The International Women’s Strike (IWS) ou Paro Internacional de Mujeres (PIM), iniciativa que resultou de ações específicas de movimentos protagonizados por mulheres em países como Argentina, Polônia e mais recentemente nos Estados Unidos, quando intelectuais como Angela Davis e Nancy Fraser, após marcharem contra a posse do presidente norte-americano Donald Trump, realizada em 21 de janeiro, reforçaram a convocação das mulheres para uma greve geral no dia 8 de março.

A greve internacional – uma articulação global de mulheres que mergulharam em um processo organizativo e político – é contra o patriarcado, a violência masculina, a informalização no mercado de trabalho, a desigualdade salarial, a homofobia, transfobia e xenofobia e em defesa dos direitos reprodutivos. O site 8M Brasil (www.8mbrasil.com) reproduz a experiência da greve ocorrida em outubro do ano passado na Argentina e em outros países da América Latina:

“A greve serviu assim para tornar o trabalho das mulheres visível: trabalho formal e trabalho informal, remunerado e não remunerado, trabalho reprodutivo, trabalho emocional. As mulheres não só saíram de seus locais de trabalho para marchar, mas também se recusaram a cozinhar, limpar, cuidar de crianças, sorrir, cuidar. Já não se consideravam vítimas da violência masculina e das instituições patriarcais, as mulheres eram capazes de testemunhar seu imenso poder político e econômico. E este poder não foi deixado na marcha, mas levado para casa, levado para o trabalho no dia seguinte, levado às ruas, com mulheres renegociando a divisão do trabalho doméstico, denunciando o sexismo em casa e no trabalho, abandonando relações abusivas, e solidificando redes de atendimento e apoio entre mulheres”.

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