Ato na Boca Maldita aproximou população da pauta dos servidores

O lançamento da campanha de
lutas 2017 do Sismuc – “Sou Mais Municipais”, ocorrido no ultimo sábado(18), foi nas ruas de Curitiba, junto aos cidadãos curitibanos usuários dos
serviços públicos municipais que passavam pela Boca Maldita. Acompanhada pela
banda Garibaldis e Sacis, a direção sindical e os representantes da categoria
falaram direto com a população sobre a necessidade de investimentos no serviço
público para melhor atender os contribuintes. Também destacaram a luta por
direitos e valorização profissional. A população foi convocada ainda para
participar das discussões sobre as contas da prefeitura, que serão analisadas
no próximo dia 22 pela Câmara dos Vereadores.

“ A ocupação das ruas como
atividade para abrir a campanha de lutas é um ato histórico. Segundo a
coordenadora geral do Sismuc, Irene Rodrigues, a luta dos Sindicatos de
Servidores Municipais no Brasil inteiro é por melhores condições de trabalho, valorização
do serviço público municipal e, também, por políticas públicas de qualidade.
“Trouxemos para as ruas a nossa pauta, que é voltada a toda população. Nosso
objetivo é dizer a sociedade que a nossa pauta de reivindicações já foi
entregue à administração municipal e, dentro do que a gente está vendo na
realidade brasileira, queremos evitar que Curitiba passe por processos que
outros estados e municípios estão passando, que é adotar uma política pública
de descontinuidade e de desvalorização dos servidores públicos”, analisou.

Irene afirmou que quando o
gestor não investe em políticas públicas quem perde é a sociedade, isto é, os
cidadãos usuários dos serviços públicos. “A nossa pauta vem para as ruas de
forma lúdica e formativa. Queremos formar a sociedade naquilo que é o dever do
Estado e de qualquer gestor público, que é trazer a política pública para todos
os cantos da cidade, com qualidade, respeito à população e às diferenças. O respeito
à diversidade, à pluralidade de ideias e de pensamentos é fundamental numa
cidade como Curitiba”, complementou a coordenadora geral.

Serviços mais caros e
fiscalização dos gestores
– A coordenadora lembrou que o aumento na tarifa de
ônibus em Curitiba tem impacto na vida da população e de toda a classe
trabalhadora. E, sobre a questão das contas públicas, convidou os curitibanos
para participarem da Audiência Pública da Comissão de Economia, Finanças e
Fiscalização, na Câmara dos Vereadores, sobre a prestação de contas do
município referente ao terceiro quadrimestre de 2016, atividade que será
realizada às 9h, na próxima quarta-feira (22).

“O aumento da tarifa do
transporte coletivo precisaria passar por uma avaliação completa. A população
sentiu o peso do aumento e isso reflete no acesso aos serviços públicos. Muitos
usuários da saúde pública que precisam ser encaminhados para outras áreas
especializadas dependem de ônibus e têm gasto maior, caso deem continuidade ao
seu tratamento. Outra questão importante é que famílias que usavam a tarifa “domingueira”
também ficaram sem o direito ao lazer, pois a perda do desconto no ônibus
alterou o planejamento familiar. Além da questão do transporte, é preciso falar
da “dívida bilionária” da gestão anterior. O sindicato já fez a discussão
rebatendo que a mesma não é do tamanho apresentado. A participação na audiência
é uma oportunidade para checar os números divulgados”, convidou e orientou
Irene.

Disputa nas ruas – A
coordenadora de Assuntos Jurídicos do Sismuc, Adriana Claudia Kalckmam,
destacou a importância histórica do ato de sábado argumentando que há disputas
pelos espaços públicos. Lembrou que fazer política nas ruas é ter a
oportunidade para dialogar com a sociedade. “Quando o usuário busca um serviço
público, precisa entender que sem as nossas pautas atendidas ele também será
afetado. O que ele não sabe é quais são as condições e a jornada de trabalho e
em que circunstâncias os servidores estão trabalhando. As críticas não devem
ser isoladas; devem ser dirigidas ao sistema como um todo”, enfatizou.

Adriana também explicou que
o processo de negociação entre a prefeitura e os servidores foi iniciado no
último dia 15, mas que a luta é ainda maior pela garantia dos serviços à
população e pela disputa de discursos como forma de levar a verdade ao público.
“A política de Rafael Greca é pelo viés do desmonte do serviço público, que é
um caminho direto para terceirização. A prefeitura ainda não tem posição sobre
o enquadramento dos professores no Plano de Carreira e alega problemas financeiros,
no entanto, a sociedade precisa entender que o pagamento é feito pelo Fundeb,
um fundo federal para manutenção e desenvolvimento da educação, ou seja, não vem
do caixa da prefeitura”, ressaltou.

Confetam e a luta dos
municipais –
A presidente da Confederação dos Trabalhadores no Serviço Público
Municipal (Confetam), Vilani de Souza Oliveira, reforçou o apoio a todos os
servidores públicos municipais brasileiros que estão em luta contra perda de
direitos. Para ela, o ano é bastante desafiador, já que 2016 foi encerrado com
fortes ataques aos direitos dos trabalhadores.

“As reformas da previdência e trabalhista caminham
na direção da restrição cada vez maior dos nossos direitos. Florianópolis – assim
como outros municípios – está em greve há 30 dias. O prefeito Gean Loureiro
retirou direitos recorrendo à desculpa do limite da Lei de Responsabilidade
Fiscal (LRF). Esse argumento não serve para nós, pois a mesma lei estabelece o
limite prudencial e critérios para equilibrar a folha, ou seja, é possível reduzir
a quantidade de cargos comissionados, gratificações, funcionários temporários e
impedir novas despesas. A nossa campanha tem essa expressão: ir às ruas para exigir
nossos direitos”, esclareceu Vilani.

População e servidores
cobram investimentos –
A servidora da área da saúde Edna Lemes defendeu a
valorização profissional como garantia para melhoria no atendimento aos
usuários. “Para prestar o serviço de qualidade, temos que ter garantida também
as condições de trabalho. Hoje, no setor de enfermagem faltam medicação e
materiais para a segurança tanto do servidor como do paciente”. Dona Maria
Aparecida da Silva, usuária que esteve presente no ato, acrescentou: “Uma hora
não tem atendimento, outra não tem medicação e nem médicos. Às vezes vejo maus
tratos com os funcionários que estão cumprindo as suas tarefas e dependem de
terceiros, mas eles não são culpados”.

A usuária Patrícia Farias,
que também acompanhou o lançamento da Campanha, fez críticas duras ao prefeito
Rafael Greca, que, segundo ela, iniciou a gestão não cumprindo as promessas
feitas. “A passagem do ônibus subiu 15% e ficou cara para quem ganha salário
mínimo. A diretora da escola da minha filha disse que a sua gestão está
passando por dificuldade. E até a carrocinha, que já não existia há anos,
voltou a circular. Cadê o dinheiro dos impostos e porque devem tanto? Eles estão
bem e agora é a população que será punida? Nós temos direitos, nós os elegemos.
Eles têm que prestar contas para nós. Não estão nesses cargos para encher as
burras, mas para prestar serviço para a população”, finalizou e protestou a
cidadã.

Formação para os
sindicalizados –
Após a atividade, que contou com a presença do vice-presidente
da CUT-Paraná, Marcio Kieller, os sindicalizados voltaram para a sede do
Sismuc, onde participaram do último encontro do “Curso de formação para mesa de
negociação”. A formação é preparatória
para as mesas de negociação com a gestão de Rafael Greca e voltada para os
eleitos pela base para fazer a representação dos municipais nos debates da
pauta geral e específicas. O curso está sendo ministrado pelo professor doutor em sociologia do trabalho, Guilherme Carvalho, que também é coordenador do curso de jornalismo da Uninter e autor do livro “A representação sindical da CUT nos governos Lula”.