Números da Prefeitura de Curitiba e da URBS não batem

A falta de transparência dos custos do transporte coletivo
de Curitiba ganha força após se comparar os gráficos apresentados pela URBS na
terça-feira após o reajuste (7) e os números demonstrados pela Prefeitura de
Curitiba ontem (14), após o conselheiro do Tribunal de Contas do Estado, Ivan
Bonilha, determinar o retorno da passagem a R$ 3,70. A Prefeitura segue
descumprindo a determinação, arrecadando diariamente R$ 432 mil com a diferença
de R$ 55 centavos.

Praticamente nenhum valor bate nos gráficos apresentados
pela URBS e Prefeitura de Curitiba com a diferença de uma semana. Se para a
URBS, a “rentabilidade justa” (lucro das empresas) está em 11,98% da tarifa
técnica, para apresentação oficial da Prefeitura de Curitiba, esse percentual
sobe para 12,98%. A Prefeitura ainda divulga dado menor em relação a impostos.
Contabiliza apenas o ISS (Imposto Sobre Serviços) de 2%. Já na composição da
tarifa técnica divulgada pela URBS, o percentual sobre para 5,89%.

A amortização das instalações e vida útil dos ônibus também
tem números bem diferentes. Enquanto a Prefeitura de Curitiba divulga
percentual de 5,21%, a URBS calcula 3,36%. A amortização, inclusive, é
questionada na página do prefeito Rafael Greca no Facebook. Um usuário
perguntou “se a amortização das instalações e vida útil entra nos 5,21%, porque
ele aparece novamente nos 12,98% do lucro”, comentou.

Outro comentário criticou o discurso de subir a passagem do
ônibus prometendo trocar a frota. “Quantos ônibus serão substituídos por obsolescência
e quantos novos serão adquiridos? Qual a nossa frota atual e qual frota
pretendemos chegar”, indagou-se a Greca.
O comentário ficou sem resposta na página oficial do prefeito.

O mesmo questionamento é feito pelo advogado Marcelo Veneri,
que dever fazer agravo ao Tribunal de Justiça sobre ação popular movida contra
o reajuste da passagem. “Falar em aumento de tarifa como justificativa para
renovação de frota é mais uma inverdade. Isso é uma obrigação contratual das
empresas, assim como o próprio limite de uso da frota que é de 10 anos”,
esclarece.

Reajuste
contabilizado

Os números apresentados também divergem sobre a remuneração
dos motoristas, cobradores, custos administrativos e encargos sociais. Se para
a URBS, somando pessoal (36,67%) e encargos (14,30%), a conta chega a 50,97% da
composição da tarifa, para a Prefeitura de Curitiba o custo é de R$2,28 por
passagem. Em porcentagem, 53,77% da tarifa de 4,25.

O que destoa desse valor é que a percentagem aumentou da
URBS para a Prefeitura de Curitiba, sendo que ainda não ocorreu o reajuste dos
trabalhadores do transporte público.
Segundo o sindicato das empresas (Setransp), as mesmas continuam
recebendo R$ 3,6653 por passageiro pagante. A data-base para o reajuste da
tarifa técnica é 26 de fevereiro.

Para Marcelo Veneri, a diferença das tabelas representa que
não há clareza nos números e se desconhece para onde está indo o valor cobrado
desde o dia 6 de fevereiro, quando ocorreu o reajuste. “Nem Prefeitura nem URBS
apresentam qual a real composição da tarifa, sabemos que o valor repassado às
empresas é menor que o cobrado dos usuários, mas não sabemos sequer para onde
está indo essa sobra de caixa”, questiona.