Greca usa contabilidade criativa para justificar pacote fiscal

O prefeito Rafael Greca (PMN) prepara um pacote de
austeridade para conter o que chama de “rombo nas contas públicas”. Para
justificar o pacote de maldades, ele se utiliza de “contabilidade criativa”
para inflar os números. Os alvos principais são os servidores públicos e seu
fundo previdenciário (IPMC). Greca alega que os municipais foram valorizados
demais e que se está no limite prudência. No entanto, dados do Dieese, baseados
em relatórios da própria Prefeitura de Curitiba, desmentem essa argumentação. É
questionado se o prefeito e sua equipe não estão inflando os números apenas como
“pretexto a ser utilizado pela nova
gestão para evitar o atendimento das reivindicações por parte dos servidores
públicos municipais de Curitiba”.

A contabilidade
criativa do prefeito ocorre quando ele soma todos os valores que a Prefeitura
de Curitiba não repassou ao Instituto de Previdência Municipal de Curitiba
(IPMC). São somados R$ 145 milhões acumulados de setembro a dezembro de 2016 (o
primeiro número divulgado pelo secretário de finanças Vitor Puppi era de R$ 170
milhões), parcelamento em 60 vezes de R$ 233 milhões e R$ 92 milhões que não
tem relação com o IPMC. A “criatividade” ocorre quando ele soma no mesmo
exercício financeiro (2017) uma dívida a ser paga em cinco anos. O parcelamento
da nova dívida também pode ser feito. Para isso, uma lei deve ser encaminhada à
Câmara Municipal.

 Por outro lado, na
reabertura do legislativo municipal, o prefeito deu sinais de que vai imitar seu
padrinho político, o governador Beto Richa (PSDB), e mudar a forma de
financiamento da previdência municipal. “Vou ter que fazer alguma coisa porque
eu não posso seguir gastando, fingindo que não é comigo. Vamos construir um
pacote de ajuste fiscal que passa por uma reengenharia da questão do pagamento
mensal do IPMC”, direcionou Greca. Ele
está de olho em um caixa abastecido. O último balanço dava conta de saldo
positivo de R$ 2 bilhões. Contudo, sem os aportes financeiros da Prefeitura de
Curitiba, o caixa pode secar justamente em 2021.

Despesas Criativas

Outra frente
lançada por Rafael Greca é os vencimentos dos servidores municipais. A
data-base dos trabalhadores é 31 de março. No entanto, alegando estar no limite
prudencial e valorização salarial de 70% na gestão de Gustavo Fruet (PDT),
Greca já ameaça adiar o reajuste.

O dado é
questionado pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos
SocioEconômicos, que fez análise das Finanças Públicas e da LRF do Município de
Curitiba em 2016. De acordo com o economista Fabiano Camargo da Silva, a
elevação das despesas com pessoal foi acompanhada pelo crescimento da arrecadação
(receita corrente líquida). “Nota-se que em 2016, o poder executivo comprometeu
o equivalente a 45,81% de sua Receita Corrente Líquida (RCL) com Despesa com
Pessoal (DP), portanto, o município está distante dos limites estipulados pela
LRF”, calcula.

O Dieese contesta,
portanto, a versão de ajuste financeiro da nova gestão municipal. “Analistas de
finanças públicas e também os próprios servidores públicos municipais de
Curitiba foram surpreendidos nos últimos meses com declarações feitas pela
atual gestão (2017-2020)”, afirma a nota técnica. Para Fabiano Camargo da
Silva, outra contabilidade criativa surge quando a gestão busca excluir valores
do transporte público das receitas da cidade. “O argumento utilizado pela nova
administração é o de que as receitas provenientes do transporte coletivo não
deveriam entrar no cálculo da receita corrente líquida, todavia, esta prática é
recomendada pela LRF em seu artigo 2°, inciso IV, que indica que as receitas de
serviços também devem ser computadas”, revela.

Crescimento de arrecadação

A nota se conclui desmitificando o cenário negativo em Curitiba. Apesar da crise econômica, a cidade conseguiu aumentar sua arrecadação em 9,46% entre 2015 e 2016, saltando de R$ 6,7 bilhões para R$ 7,3 bilhões em um ano. “Apesar do cenário econômico negativo, marcado pela incerteza e pelo baixo dinamismo da atividade econômica, tanto a Receita Corrente quanto a Receita Corrente Líquida continuaram crescendo, com destaque para a receita corrente que cresceu quase 10%”, contrapõe o Dieese, ao analisar o Relatório Resumo de Execução Orçamentária de Curitiba (RREO).

Vamos construir um pacote de ajuste fiscal que passa por uma reengenharia da questão do pagamento mensal do IPMC

Greca prepara pacote de austeridade