A conclusão do primeiro turno das eleições em Curitiba revela
uma maior descrença no sistema político brasileiro por parte dos eleitores,
dado o alto número de abstenções, votos brancos e nulos.
Sabemos que esse não é o melhor caminho, porque sozinhas, sem
espaços de organização, as pessoas não têm poder de mudança. Por isso, a
participação política continua sendo fundamental e o espaço mais importante
para resolvermos os problemas.
O resultado do atual prefeito, Gustavo Fruet (PDT), revelou
que a sua opção, sempre em cima do muro e com pouca firmeza, deixou-o sozinho e
com um baixo resultado para alguém que tenta a reeleição. Fruet buscou agradar
a elite curitibana quando poderia no final do seu mandato ter apontado aos
saídas concretas para os problemas dos servidores: caso dos descontos dos dias
de greve, da manutenção dos recursos do IPMC, da regulamentação do plano de
carreira da Fundação Cultural e construção de plano de carreira para todos os
servidores, da consulta pública para eleição de diretores de cmeis, entre
outras questões. Embora tenha realizado medidas importantes, resultado da luta
dos servidores, na reta final ficou evidente que a distância de Fruet para o
funcionalismo foi decisiva nas eleições da capital. Certamente, esse foi um dos
motivos para sair derrotado nas urnas.
Os dois candidatos postulantes à Prefeitura no segundo turno não
têm histórico de compromisso com os servidores públicos.
Ambos são ligados ao governador do Paraná, Beto Richa (PSDB),
que tratou servidores estaduais na base do calote e da bala de borracha. Rafael
Greca (PMN) é apoiado por Richa e tem o apoio também de Luciano Ducci. Uma vez
prefeito da capital, entre 1993 e 1997, Greca já mostrou resistência ao plano
de carreira e progressão dos servidores. Recentemente, mostrou também seu
caráter anti-povo com um “ato falho” sobre não suportar o cheiro de um morador
de rua conduzido no seu carro. Em 1991, Greca já havia pisado na bola quando
condenou a luta por moradia dos ocupantes da chamada Ferrovila.
Ney Leprevost, ligado a Ratinho Júnior (PSD), tem proximidade
com o governador Beto Richa, seguramente apoiando uma política de Estado mínimo
e serviço público reduzido. Seu partido, assim como o de Greca, apoiou um golpe
de estado no Brasil cujo objetivo foi acelerar a retirada de direitos: cortes
na habitação, na educação, saúde, previdência, financiamento estudantil e assistência
social. Ao menos Leprevost teve o bom senso de comparecer à Sabatina do
primeiro turno convocada pelo Sismuc, onde se comprometeu em não realizar
terceirizações, questão importante para os servidores públicos.
A escolha do voto no dia 30 de outubro é individual de cada
servidor público, de acordo com a sua percepção. Mas o que é coletivo deve ser
a compreensão de que Leprevost e Greca fazem parte das elites de Curitiba e que
o sindicato seguirá na postura combativa de exigir os direitos dos servidores –
os que constroem essa cidade. E o espaço do sindicato é a casa onde o servidor
público constrói sua pauta, sua política e o seu horizonte da luta.
Ney e Grecam não comparecem a sabatina
O segundo turno da eleição municipal de Curitiba revela mais claramente o perfil dos dois candidatos a prefeito. Marcada por agressões, denuncismos e ausência de propostas, a campanha também pode apresentar falta de compromisso com os servidores municipais. Isso porque tanto Ney Leprevost e Rafael Greca não confirmaram presença na sabatina promovida pelo Sismuc.
O convite foi feito aos candidatos assim que ambos foram definidos no segundo turno. O sindicato entrou em contato com as assessorias por telefone, além de encaminhar ofícios às campanhas informando da data de 24 de outubro para o debate.