Zoonoses e Laboratório Municipal: servidores insatisfeitos com risco de vida e saúde

Servidores do Centro de Controle de Zoonoses e Vetores apontam estar em
contato diário com animais vetores de doenças e com endemias sérias na
realidade curitibana. Casos de leptospirose, via ratos, transmissão de raiva, contato
com animais peçonhentos, cobras e escorpiões, com o risco que isso envolve, são
o café de cada manhã.

Substâncias químicas em contato com o agente de zoonoses que atua
limpando os bueiros da cidade, outro fator de impacto à saúde. A necessidade,
de acordo com os servidores, coloca-se para que haja o adicional de vida e
saúde reconhecendo os possíveis riscos biológicos, e não apenas químicos.

“Todos deveríamos receber 40% (de adicional de risco e saúde). Podemos
ter contato com os fungos dos gatos, por exemplo”, afirma Diego Ferraz, biólogo
e coordenador do serviço de controle de zoonoses. Ele complementa: “É uma interpretação
equivocada da legislação para não pagar o risco biológico. Trabalhamos
principalmente com animais de importância para a sociedade”, explica.

E isso na verdade é pouco. No debate de saúde do trabalhador e
condições do trabalho, mesmo tendo acesso ao Equipamento de Proteção Individual
(EPIs) e a condições mínimas, a falta de trabalhadores em local de trabalho é
um problema, o que obriga muitos servidores a mudarem de atividade-fim, nos
diferentes setores do centro. Com a aposentadoria e a alocação dos agentes de
zoonoses para diferentes setores, o centro estima a necessidade

de pelo menos 15 servidores a mais.

Saúde do trabalhador

Ao lado da remuneração de acordo com a lei, a Prefeitura deve trabalhar
um programa de saúde do trabalhador que priorize a eliminação do risco, o
acompanhamento, a avaliação e prevenção da saúde no local de trabalho.

“Só assim teremos de fato um olhar não da medicina do trabalho, nem da
saúde ocupacional, mas que recai sobre a pessoa, considera o risco em que ela
está e assume um compromisso

com a saúde dos trabalhadores”, afirma Irene Rodrigues, coordenadora geral
do Sismuc.

Essas melhorias nas condições locais de trabalho não vêm do nada. O
serviço público não conta com a Comissão Interna de Prevenção de Acidentes
(Cipa). Por conta disso, é preciso pressionar pelo espaço próprio de
organização dos servidores, uma vez que o Agente de Segurança Local (Agesel) é
um cargo de confiança da administração, distante do local do trabalho e
insuficiente para as demandas. “Precisamos instituir as Comissões de Saúde do
Trabalhador Local (Consats), formadas por pessoas eleitas pelos próprios trabalhadores,
que tenham o compromisso e a liberdade de discutir estes assuntos de forma
totalmente desvinculada da gestão”, discute Irene Rodrigues, coordenadora geral
do Sismuc.

No Laboratório Municipal,
servidores exigem risco de vida e saúde e responsabilidade técnica

No Laboratório Municipal, Cathia Zuanazi, do setor Imunoquímica, aponta
que, ao lado da responsabilidade própria da atividade no local, o recebimento
do risco de vida e saúde se deve ao risco de contato pelo manuseio de material
biológico, infectante potencialmente – HIV, hepatite A e C tuberculose entre
outros.

A questão hoje dos servidores é o fato de terem que optar, seja pelo
recebimento do adicional por risco de vida, equivalente a 30% do salário, ou
então pela chamada “responsabilidade técnica”, de mesmo valor. Cathia defende a
necessidade de recebimento dos dois benefícios. “Porque nós somos responsáveis
pelos laudos dos exames”, comenta.

Equipamento de Proteção Individual

O controle e o risco de infecções são minimizados no Laboratório Municipal. Ali também os servidores afirmam terem à disposição Equipamentos de Proteção Individual (EPIs), tais como luva, avental e óculos de proteção para diminuir o risco.

RUÍDO E CONDIÇÃO DE TRABALHO. Foi feita uma análise por um técnico do trabalho, em 2015, e detectado o problema de ruídos na nova sede. “São muitos equipamentos trabalhando ao mesmo tempo. Temos também problemas com ar condicionado. Isso está presente. E temos problemas com a questão de energia elétrica no novo prédio. Vira e mexe um gerador não dá conta”, protesta outro trabalhador do Laboratório, quem preferiu não se identificar.