A ministra do Supremo Tribunal
Eleitoral Carmen Lúcia, eleita à presidência do STF e empossada na tarde de ontem (12), recentemente declarou sua predileção pelo bom uso da gramática.
Em sessão do Tribunal, comentou que, como amante da língua portuguesa, prefere
ser chamada de “presidente” e não “presidenta”.
A polêmica surgiu com a eleição
de Dilma em 2011: como primeira mulher a ocupar o cargo de chefe de Estado em
toda a história do Brasil, só então foi necessário discutir a forma feminina da
palavra “presidente” e suas implicações políticas e linguísticas. Dilma, vale
ressaltar, escolheu ser presidenta.
Dias depois, o conhecido
professor de português Pasquale Neto corrigiu a ministra, afirmando que a
flexão do termo está correta tanto no feminino quanto no masculino. A palavra
“presidenta” é legitimada inclusive nos mais importantes dicionários do país. Desde
1899 ela existe no dicionário Cândido de Figueiredo, e atualmente integra o
léxico de publicações respeitadas como o Houaiss, o Aurélio e o Vocabulário
Ortográfico da Língua Portuguesa (elaborado pela Academia Brasileira de
Letras). Sua aplicação cotidiana também lhe garante o aval do uso popular.
Como tanto “presidente” quanto
“presidenta” estão de acordo com a norma culta da língua, cabe a cada usuário
empregar esta ou aquela opção. No entanto, o confronto entre ambas extrapola o debate
linguístico e inclui um posicionamento de afirmação por parte das mulheres.
“O uso de presidenta como
feminino de presidente corresponde a um padrão raro em português […], mas
este uso tem sido feito ultimamente também como afirmação política, social ou
cultural, nomeadamente de cariz feminista, de que são exemplos Dilma Rousseff”,
explicou a linguista Helena Figueira na coluna Dúvida Linguística, publicada
pela FLiP.