Inauguração da Casa da Mulher Brasileira tem protesto

O prefeito Gustavo Fruet e autoridades participaram da
inauguração da Casa da Mulher Brasileira em Curitiba. O evento não contou com a
participação de nenhum representante do governo interino de Michel Temer.
Idealizado e financiado no governo Dilma Rousseff, a inauguração teve ato de
mulheres que pediram seu retorno.

A Casa da Mulher Brasileira abriga diversos públicos. A
estrutura de 4 mil metros quadrados tem Delegacia da Mulher, Ministério
Público, Defensoria Pública, Patrulha Maria da Penha e o serviço de
atendimento psicossocial da Prefeitura de Curitiba, formado por assistentes
sociais e psicólogos. Também funciona no espaço uma brinquedoteca, alojamento
de passagem e uma central de transportes que facilitará o encaminhamento das
mulheres em situação de violência na busca por serviços externos.

 

A vereadora professora Josete destacou um grande passo para
as mulheres curitibanas com o funcionamento da casa. “É uma estrutura muito
importante, porque unifica os espaços de atendimento de mulheres em situação de
violência. Atualmente, esses espaços estão dispersos em diversas regiões de
Curitiba. Isso faz com que a mulher acabe desistindo no meio do caminho. Muitas
vezes, isso faz com que ela retorne ao ciclo da violência”, relata.

Josete ainda destacou que a sociedade e o poder público não
têm agido de forma adequada no combate à violência e na garantia de direitos.
“Nós tivemos políticas que avançaram nos governos Lula e Dilma como a criação
da Secretaria Especial da Mulher. Mas essa política não cresceu nos estados e
municípios. Ainda temos cultura machista e patriarcal. A violência contra a
mulher é vista como questão pessoal que a sociedade não deve se envolver”,
lamenta.

Protesto

Houve protesto durante a inauguração da Casa da Mulher
Brasileira. Idealizada e executada no governo da presidente Dilma Rousseff, ela
não pode participar do evento por ter sido afastada no processo de impeachment.
Isso motivou um grupo de mulheres a levar cartazes e pedir a saída do
presidente interino Michel Temer.

Para a militante Anaterra Viana, o governo de Temer
retrocedeu nas politicas públicas para as mulheres. “Nós estamos em um espaço
adequado para acolher uma mulher vítima de violência. Esse local faz parte do programa
nacional ‘Mulher, Viver Sem Violência’. Com o golpe, ela (Dilma Rousseff) nem
pode vir inaugurar um projeto que é dela. Por isso, os movimentos feministas
representaram a presidente”, destaca.

Anaterra também criticou a redução de importância das
mulheres no governo interino de Michel Temer, como a nomeação de Fátima Pelaes
para a Secretaria de Mulheres, subordinada ao Ministério da Justiça. “Ela é uma
mulher fundamentalista. Ela é contra o aborto até em casos de estupro. Os
movimentos feministas estão tristes pela ida ao Ministério da Justiça, pois as
questões das mulheres serão tratadas apenas no campo jurídico”, protesta.

É uma estrutura muito importante, porque unifica os espaços de atendimento de mulheres em situação de violência. Atualmente, esses espaços estão dispersos em diversas regiões de Curitiba

A contragosto

O protesto também teve a participação do Sindicato dos Servidores Municipais de Curitiba – Sismuc. A entidade representa psicólogos e assistentes sociais que foram deslocados para prestar atendimento na Casa da Mulher Brasileira de forma abrupta e sem diálogo. “A remoção ocorreu a contragosto. As servidoras não são contra a Casa, no entanto, ao invés de contratar novas servidoras por meio de concurso público, a gestão apenas deslocou trabalhadoras de um lado para o outro”, explica Antônia Ferreira, coordenadora do Sismuc.