Novembro foi um mês com um aspecto inédito para a luta dos
trabalhadores. A greve dos petroleiros durou treze dias, mobilizou plataformas
e unidades em vários estados. Detalhe é que a pauta não era econômica ou
limitada apenas à data-base. A Federação Única dos Petroleiros (FUP) adotou a
chamada pauta política. Isso porque a discussão girou em torno da crítica ao
desinvestimento e abandono da Petrobrás, assim como ao projeto de Lei de autoria
de José Serra (PLS 131/2015), que permite a exploração do pré-sal por empresas
internacionais, retirando a exclusividade de exploração da Petrobrás.
Silêncio da mídia
Pelo fato de ter sido uma greve com pauta política, não houve
uma criminalização direta do oligopólio da mídia. Não se podia usar o velho
argumento de que a greve prejudica a sociedade em nome de uma categoria. Isso
porque os petroleiros colocaram em debate o futuro da própria Petrobrás, criticando
inclusive a corrupção no interior da empresa. Assim mesmo, a greve foi
encoberta pelo silêncio e pela greve patronal dos caminhoneiros. Houve também a
menção à falta de abastecimento nos postos, o que não aconteceu.
E a mídia de esquerda?
Na outra ponta, o que assusta é o fato de blogueiros
progressistas e a mídia de esquerda no geral dar pouca atenção à luta sindical,
que pouco aparece nas suas páginas. Com isso, além do site dos sindicatos e
centrais sindicais, o que mais temos? As questões dos trabalhadores não merecem
mais atenção, principalmente das organizações e partidos progressistas?
Direito de greve
Apenas na luta duas amarras do movimento sindical serão
rompidas. A primeira delas é o Direito de Greve, incluído na Constituição de
1988 como um direito. No ano seguinte, a Lei de Greve colocou entraves para a
realização do movimento, tais como o interdito proibitório. Na luta dos
petroleiros, os sindicatos correram o risco de receber multa de R$ 100 mil por
dia se fizessem piquetes em frente às unidades. A outra luta é para romper a
fragmentação entre as categorias. Um dos momentos finais da greve dos
petroleiros no Paraná foi muito bonito. Ele agregou o MST, ao lado dos
petroleiros da Repar e os petroquímicos da Fafen (fertilizantes).