O HSBC está vendendo suas operações no Brasil. Os
paranaenses devem estar atentos a isso, pois o impacto no Estado pode ser
traumático.
O banco inglês tem 11 mil funcionários no Paraná. Em
Curitiba este número chega a 8 mil. Além disso, existem os empregos indiretos
gerados à partir das atividades do banco. Na Vila Hauer, por exemplo, aonde
funciona um dos Centros Administrativos do HSBC, se houver enxugamento drástico
de pessoal com a sua venda, o que vai acontecer com os inúmeros restaurantes e
comércios que têm entre sua maior clientela os empregados do banco?
Numa eventual venda e mudança da sede administrativa do
HSBC, a capital paranaense deixará de arrecadar de Imposto Sobre Serviços (ISS)
a soma de R$ 85 milhões anuais, 8% do total arrecadado pelo município, o que
deve preocupar seriamente toda população curitibana preocupada com a perenidade
dos serviços públicos.
É bom lembrar que o HSBC herdou, em 1997, por obra do
presidente FHC e do Banco Central da época, toda a rede do antigo Bamerindus.
Isso só foi possível porque o governo brasileiro, através de um programa de
salvação aos bancos chamado de PROER, tratou de absorver antes a parte “tóxica”
das dívidas do Bamerindus (R$ 3,8 bilhões), entregando aos ingleses um banco
saneado e limpinho. Isso permitiu ao HSBC lucrar no Brasil, nestes anos, cerca
de 15 bilhões de reais. Além disso, o HSBC foi um banco que, através de contas
secretas (escândalo do Swissleaks), construiu uma carteira de clientes
brasileiros no exterior com base em dinheiro de corrupção e sonegação de
impostos.
Resumindo a ópera: o HSBC quer se mandar deixando a ver
navios uma CPI no Senado que investiga seu envolvimento na evasão de bilhões de
reais de dinheiro público da corrupção em estatais e do golpe na Receita
Federal.
A população de Curitiba não pode pagar a conta desta
malandragem, sobrando-lhe o bagaço do desemprego e do rombo na arrecadação
pública. É preciso uma campanha imediata contra a venda do HSBC, com a
exigência ao Governo Federal de que não permita a comercialização do banco sem
que o povo brasileiro seja ressarcido dos prejuízos com as operações ilegais
deste agente financeiro. Neste cenário, talvez caiba perfeitamente a ideia de
encampação do HSBC por um dos grandes bancos públicos do país, BB ou CEF.
Afinal de contas, se deve combater de verdade a corrupção ou não?