Rio de Janeiro – O processo hegemônico foi debatido na segunda mesa do 20º Curso do NPC. Mais especificamente, o momento histórico em que vivemos a retomada do projeto neoliberal no Mundo e no Brasil. “A burguesia superou suas contradições e se unificou após a crise. Então esgotou a estratégia de agradar todo mundo adotada pelo Governo Federal. Ou se aumenta o crescimento da Economia, o que favorece a burguesia, ou se fazem agora as reformas estruturais que permitam a redistribuição dos recursos no país”, disse o jornalista Breno Altman, do Opera Mundi.
Para ele, a burguesia brasileira se alvoroça até mesmo com as mais tímidas reformas, que sequer são estruturais, como o exemplo do escárnio ao decreto que regulamentava os Conselhos Populares, dos quais já existem mais de 40 atualmente. Fica explícita a radicalização à direita nas expressões de xenofobia e racismo contra eleitores da coligação liderada por Dilma Rousseff. Exemplos não faltam. Segundo o Diap, o Congresso Nacional eleito nas últimas eleições seria o mais conservador desde 1964, ano do golpe que instaurou a ditadura civil-militar que dominou o país por mais de 20 anos.
“O Governo Federal é parte desse problema, pois corroborou com a ditadura da mídia e não apostou na formação política da sociedade. E o movimento sindical também está perdendo tempo, está burocratizado, engessado. Muitas vezes os diretores perdem mais tempo decidindo quem vai ficar com o carro, quem vai ser liberado, quem vai usar celular. E não prioriza a unificação das lutas da classe trabalhadora”, criticou Miro Borges, jornalista do Centro Barão de Itararé. Para ele, é preciso refletir as práticas adotadas pelos movimentos social, popular, sindical e também pelos governos à esquerda.
Nesse sentido, o ex-deputado federal e jornalista Milton Temer, criticou de maneira mais radical a postura do Governo Federal perante as classes dominantes. “Não tem como acalmar o Mercado, ele não tem nervos, não é uma entidade. O Mercado é o verdadeiro crime organizado. Então é pouco construtivo fazer concessões ao Congresso conservador, à elite. Não é à pressão interna das forças burguesas que o Governo tem que ceder, mas sim à pressão popular que se expressa nas ruas e nas entidades populares e sindicais”, argumentou.