Dona Maria, curitibana, dona de casa,
faleceu em 2014. Tinha 84 anos. Uma senhora que gostava de trabalhar no quintal
amplo da casa de alvenaria onde bate sol pelas manhãs. Ela faleceu e não pôde
resolver um tema que a incomodava há uma década.
Esposa de um funcionário público, servidor
do Instituto de Previdência Municipal de Curitiba (IPMC), eles receberam do
próprio instituto o lote onde viviam. Isso desde 1959. Pagavam um aluguel baixo
ao IPMC, até que, há dez anos o contrato foi rompido contra a vontade dos
moradores.
No bairro Santa Quitéria, são só dez residências,
nove delas de antigos trabalhadores do serviço público municipal ou filhos de servidores públicos. Dona
Maria era obrigada a fazer exames de saúde específicos no centro. Por isso,
assim como ela, algumas famílias preferem ficar na região a ser realocada para a
periferia distante de Curitiba.
Há uma liminar de despejo concedida na
mesa do IPMC. A Procuradoria Geral do Município justifica que os imóveis geram
rentabilidade para o Fundo Previdenciário municipal e a decisão da reintegração
de posse foi determinada pela Justiça, não cabendo mais recorrer. Neste
momento, a direção do IPMC tem em mãos o destino dessas famílias.
O assunto está para ser
pautado na reunião do conselho do instituto de previdência dos servidores. “O
Sismuc, enquanto entidade que luta por um modelo de sociedade diferente,
questiona por que as pessoas mais simples, com o crescimento das cidades, não
podem morar mais próximas ao centro e precisam ser despejadas”, afirma Irene
Rodrigues, da coordenação do Sismuc e integrante do conselho.
Por isso, a defesa do
sindicato é de que a Prefeitura compre o terreno do IPMC, para não comprometer
os recursos da Previdência dos servidores, mantendo as famílias em seu local de
moradia, garantindo a posse dos terrenos a partir do pagamento de prestações
junto a Cohab.