Especial: 100 anos da 1ª Guerra Mundial

 Há 100 anos teve início a Primeira Guerra Mundial. Declarada em 28 de julho de 1914, após o assassinato de Francisco Ferdinando, príncipe do império austro-húngaro, a guerra durou até 11 de novembro de 1918. Nesta entrevista especial com o historiador Marcos Dias Araújo, ele aborda quais foram os motivos que levaram a guerra, as estratégias políticas e como ficou a geopolítica após o fim do conflito. Também discorre sobre os efeitos das duas guerras na visão de mundo das pessoas.

 

Sismuc: Sempre ocorreram guerras no mundo. Por que essa é considerada a 1ª grande guerra?

Marcos Dias Araújo: De fato,ocorreram guerras que evolveram diversos povos. A guerra dos 30 anos (1618-1648) envolveu diversos países europeus e teve aspectos envolvendo as Américas. E as Guerras Napoleônicas que também envolveram quase toda a Europa teve forte repercussão na América e no norte da África. A Primeira Guerra Mundial de 1914 a 18 ganhou este ar mundial pois o mundo globalizado  era o motivo da Guerra. Países europeus disputavam territórios na Europa, Ásia e África, e além dos países europeus, o envolvimento dos Estados Unidos, Canadá, Austrália, Brasil mostravam a escalada da Guerra. Nesta guerra também o mercado mundial, fornecedor de matéria prima foi mobilizado pelo palco de guerra. Por ter envolvido quase o mundo todo e por ter afetado o mundo todo, a Guerra ganhou este nome.

 

Sismuc: Quais sãos os motivos oficiais e extra-oficiais para o confronto?

MDA: Basicamente as disputas do expansionismo alemão e francês em confronto, bem como a posição da Rússia e da Áustria na questão da Sérvia e da Bósnia levantaram razões europeias para uma disputa. Além disto, havia um temor genuíno do expansionismo alemão do além- mar, especialmente depois dos eventos no Marrocos (1905-1907). Desta maneira, os interesses dos empresários associados com o nacionalismo dos políticos conservadores – no contexto do imperialismo – foram as razões para o evento. A morte do duque Ferdinando foi o estopim para a escalada rápida para a guerra, as razões sociais, econômicas já estavam colocadas antes.

 

Sismuc: A guerra impulsionou revoluções e novas ordens econômicas, artísticas?

MDA: Sim, além da ascensão do socialismo na Rússia, Hungria e Alemanha, o liberalismo saiu fortalecido da disputa já que a vitória norte-americana e Inglesa significava a vitória deste modelo que figurou até os anos 1930. Do ponto de vista artístico a Guerra jogou as artes num clima de pessimismo e desespero com uma guerra nunca antes vista. As vanguardas artísticas expressionistas encontraram na Guerra a concretização de seu pessimismo e exploraram o que havia de pior no homem que abandonava a ‘Belle époque’, para viver uma época em que a própria esperança desejava mais da luta e da revolução do que da paz e da tranquilidade.  

 

Sismuc: A noção de sociedade e de humanidade se alterou com essa guerra ou foi só a partir da 2ª guerra com a bomba atômica?

MDA: Acredito que na segunda guerra, mais do que as bombas atômicas foi a matança desnecessária e os campos de concentração que deram à humanidade um caráter universal, pois definia-se uma nova humanidade a qual todos estava ligados e obrigados a obedecer. A primeira guerra ainda lançou os homens na admiração da prática militar, da coragem e da ousadia o que se reflete nas posições pró-guerras de Hilter e Mussolini. 

 

Sismuc: Qual foi o papel do Brasil nesta guerra?

MDA: O Brasil teve um papel menor na primeira guerra, pois entrou no final e apenas mandou médicos e um grupo de sargentos e oficiais que participaram de missões bem no final da guerra junto ao exército francês.  A Marinha ficou a cargo de vigiar o atlântico, mas a modesta Marinha não precisou de muitas ações já que a Guerra logo terminou. Apesar de pequena a participação foi importante para a modernização do exército brasileiro, ainda vivendo das glórias da Guerra do Paraguai.

 

Sismuc: A entrada dos EUA alterou a configuração da guerra para o seu fim?

MDA: Sim, os Estados Unidos entrou e injetou dinheiro na Guerra além de soldados e armas novas que estavam prontos nos Estados Unidos para entrar em Guerra. O apoio americano se fez sentir na força extra em território francês que impediu os últimos avanços alemães. O parque industrial norte americano foi vital para vencer a Guerra e teria sido ainda mais importante não tivesse a guerra acabado por questões internas alemãs.

 

Sismuc: Que forças políticas e ideológicas ruíram e se consolidaram após a guerra?

MDA: O liberalismo norte-americano e o comunismo bolchevique foram os grandes vitoriosos da Guerra. Os perdedores foram as velhas monarquias europeias que ruíram como a alemã, otomana, austríaca- húngara e a da Rússia. 

Nota de apoio do SISMUC ao Sindipetro

O SISMUC manifesta seu total apoio e solidariedade aos trabalhadores organizados no Sindipetro PR e SC, que, após 16 assembleias, deliberaram pela Greve Nacional de Advertência de 24 horas, marcada para esta quarta-feira, 26 de março. A mobilização dos petroleiros

Leia mais »