Coletivo da Saúde organiza ato da enfermagem, que será no sábado

Festival das Promessas não Cumpridas terá nova edição ainda esta semana.

Reunidos em coletivo ontem, trabalhadores da saúde focaram na pauta dos enfermeiros, auxiliares de enfermagem, ASBs e TSBs. As categorias realizam ato na Boca Maldita, a partir das 10 horas da manhã de sábado. Uma Carta Aberta à População foi preparada, na qual enfermeiros pedem respeito e valorização. O material será distribuído durante a manifestação e estará disponível no sítio do Sismuc a partir da segunda-feira.

Para as enfermeiras e enfermeiros, é irônico que muitas das reivindicações atuais tenham sido reafirmadas em resposta ao Festival das Promessas não Cumpridas, pois hoje são novamente promessas não cumpridas. Eles não receberam a isonomia com médicos e dentistas na Estratégia de Saúde da Família (ESF), prometida em mesa de negociação ocorrida no dia 8 de agosto de 2013. O prazo para implementação era janeiro de 2014. Agora, praticamente seis meses depois do prazo proposto pela própria gestão e três meses depois do Festival, os enfermeiros reivindicam o compromisso firmado e não entregue: os mesmos 80% na gratificação por atuação na ESF que médicos e dentistas recebem.

Ainda, para diminuir a desigualdade entre as categorias, é preciso igualar os 50% do Incentivo de Desenvolvimento de Qualidade (IDQ) por participação em Unidade de Pronto Atendimento (UPA). Outra pauta “esquecida” e que compromete a isonomia na Saúde é o adicional por risco de vida. Hoje, médicos e dentistas levam integralmente o adicional na aposentadoria, enquanto que enfermeiros têm apenas o proporcional ao tempo de serviço. Isso tudo sem contar o salário base em R$ 4500,00, reivindicação compartilhada por todas as categorias da base do Sismuc de nível superior.

Auxiliares e Técnicos de Saúde Bucal (ASBs e TSBs) e Auxiliares de Enfermagem também focaram sua luta na isonomia e, também em abril de 2014, o executivo municipal apresentou a proposição que eleva o cargo de ASB do nível básico para o médio e que transforma o de Auxiliar de Enfermagem em Técnico. O Festival tinha surtido efeito. Entretanto, como na luta de classes temos avanços e retrocessos, o projeto foi devolvido para a Prefeitura no dia 29 de maio e ninguém sequer avisou os trabalhadores.

A coordenação do Sismuc investigou o caso e descobriu que os ajustes acordados na reunião de 9 de maio – que teve representantes da Secretaria de Recursos Humanos (SMRH) e da Câmara de Vereadores (CMC) – não foram apresentados pela gestão municipal. Assim, o projeto ficou incompleto e o relator Pedro Paulo, da comissão de economia, finanças e fiscalização da CMC, retornou-o ao gabinete do prefeito.

Histórico de luta

Em 2004, foi instituído o atual e pouco satisfatório Plano de Carreira dos servidores (Lei Municipal 11.000). Desde aquela época, trabalhadores da Saúde se organizam para reivindicar dignidade e valorização. Foi em setembro de 2011 que o ex-prefeito Luciano Ducci lançou o famigerado “pacotinho”, que beneficiou apenas os Médicos na Saúde. A medida, positiva para os profissionais de medicina em um primeiro olhar, aprofundou desigualdades entre os servidores, criando mal-estar. Essa diferença, que observamos também na sociedade, por pouco não colocou trabalhadores uns contra os outros.

Felizmente, não graças à gestão, o movimento se fortaleceu em torno do objetivo comum: a isonomia com os Médicos. Ainda naquele ano, os Cirurgiões Dentistas realizaram uma greve muito eficaz em que exigiram isonomia na tabela de vencimentos básicos. Durante o movimento, os Dentistas se mantiveram unidos e atentos. Combateram e venceram no judiciário os descontos em folha e outras punições. Também não aceitaram a “proposta final” da gestão, que era apenas um aumento de 20%. Afinal, obtiveram integralmente as conquistas. Com os dentistas na rua, a vitória foi de todos os trabalhadores. A mobilização também se fez presente na luta dos “excluídos” da Saúde, profissionais que ficaram de fora da lei que reduziu a jornada de 88% dos servidores da pasta de 40 para 30 horas. A lei deixou de fora diversas categorias, que então paralisaram as atividades por 74 dias, resultando na maior greve já encampada pelos trabalhadores da base do Sismuc.

De lá para cá, o sindicato seguiu organizando os servidores da Saúde, que realizaram um Festival de Promessas não Cumpridas no dia 14 de março deste ano. No ato, os manifestantes acenderam velas e pediram até de joelhos pelas pautas do segmento que não foram cumpridas pela Prefeitura. Nada disso tirou o ânimo dos servidores. Pelo contrário. Cada um deles acendeu uma vela para o retrato do prefeito Gustavo Fruet, para a secretária de recursos humanos, Meroujy Cavet, e também para Adriano Massuda, secretário de saúde do município. Junto aos retratos, um caixão e uma coroa de flores simbolizaram o enterro do voto de confiança dos servidores na atual gestão. Um mês e meio depois, no dia 30 de abril, foi assinada a Lei 14.429, que finalmente garantiu a jornada de 30 horas aos “excluídos” da Saúde. Com a redução, 532 servidores foram beneficiados. A nova lei incluiu farmacêuticos-bioquímicos, fonoaudiólogos, psicólogos, nutricionistas, biólogos, citotécnicos, técnicos em confecção de lentes de óculos, técnicos em patologia clínica e médicos veterinários.

Serviço

Ato dos Enfermeiros
Data: 19 de julho
Horário: 10 hs
Local: Boca Maldita
Descrição: Festival das Promessas não Cumpridas II