Servidores da FAS temem remanejamento forçado

REPORTAGEM ESPECIAL
 
A possibilidade de serem exilados do local onde cumprem seu  papel  social com dedicação assusta a categoria. Servidores propõem critérios objetivos para qualquer mudança, como ocorre na Educação.
 
Os trabalhadores da FAS pertencem a uma categoria complexa, formada por educadores sociais, assistentes sociais, psicólogos, pedagogos, enfermeiros e administrativos. Por isso, conhecer apenas uma de suas unidades não é suficiente para traçar um perfil. Mas, dentro do mosaico que forma o quadro de funcionários, conversar com alguns dos servidores já possibilita compreender um pouco o seu dia a dia. "A pessoa tem que ter afinidade para isso", comenta Fabiana Claudino, sobre o trabalho em uma unidade de alta complexidade.
 
Quando ela falou com a equipe do Sismuc, era seu primeiro dia em um novo projeto da FAS. Em sua função anterior, que exerceu por quatro anos, Fabiana trabalhava com crianças e adolescentes entre 13 e 18 anos de idade. "É uma fase difícil e o resultado só pode ser observado no longo prazo", explica ela. "Mas alguns até nos procuram anos mais tarde, então é muito gratificante, mesmo enfrentando dificuldades e stress", conclui. Ela recentemente solicitou ser remanejada por entender que, para preservar sua saúde, era preciso mudar de ares.
 
Na unidade visitada, os moradores têm uma maior independência, em sua maioria trabalham, o que permite um maior respiro à equipe responsável. Para Marina Mattos de Souza, educadora social como Fabiana, o espaço enfatiza a reinserção social. "Aqui eles têm que contribuir: lavar louça, roupa, fazer comida, manter o ambiente limpo", explica. Mas existem características comuns ao trabalho em qualquer unidade de alta complexidade, como no caso dos abrigos. "Só trabalha aqui quem quer, quem gosta, pois o nível de stress é muito alto. Sequer temos intervalo para almoço", comenta. Para ela, é preciso haver um fino equilíbrio da equipe com os usuários do equipamento público.
 
Remanejamento
É por isso que assusta a possibilidade do remanejamento forçado dos trabalhadores. Em uma reunião com a categoria no início de abril, a FAS indicou que essa prática seria algo que a gestão considera fazer. Clique aqui para ler a Ata (o remanejamento é mencionado no item 3). Para os trabalhadores, isso acabaria com o equilíbrio que mantém o funcionamento cotidiano nas unidades complexas. "Eu já sofri isso", aponta o educador social João Baptista Portella. "A chefia onde trabalhava certa vez não foi com minha cara, por conta de meu perfil questionador, e me transferiu. Isso afetou muito o meu trabalho, além de ter ficado deprimido", conta ele. A preocupação é compartilhada por todos os funcionários com quem o Sismuc conversou. "Se a gente fez concurso para vir para cá, concorreu com outros, precisou comprovar a aptidão, não é justo nos mandarem para outro lugar", afirma a servidora administrativa Irma Kolm dos Santos.
 
"Tire o servidor de seu local de trabalho e você vai ver sua produtividade cair. Isso é do ser humano", conclui Irma. No caso de unidades como os abrigos, em que o atendimento depende das especificidades e da vocação do trabalhador, o fantasma do remanejamento forçado ameaça a própria organização produtiva da FAS. "Eu estou aqui porque fiz concurso para trabalhar com isso e não porque não tinha outra opção", garante Marina. Ela explica que mais do que estar preparada para lidar com situações complexas, é gratificante saber dos casos de sucesso: "Como, por exemplo, um jovem que recebemos no centro de resgate e depois fui ver no jornal que ele estava fazendo carreira na aeronáutica". Os trabalhadores agora aguardam uma confirmação da ameaça ou que a gestão desminta o boato. Enquanto isso, permanecem apreensivos, mas felizes com sua atuação no local e com as pessoas que escolheram.
 
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