Está faltando quase tudo

Desde o Carnaval, a Unidade de Saúde Barigui, localizada na Cidade Industrial, já passou por quatro roubos de computadores e equipamentos de atendimento. 

Os servidores já haviam comprado com o próprio salário materiais como balança, termômetro digital, oxímetro e outros equipamentos básicos. Agora, com o roubo, não há garantia por parte da Prefeitura Municipal de Curitiba (PMC) de que serão repostos. 

Os servidores classificam como injusta a falta de reposição e avisam que não pretendem supri-la mais uma vez com gastos pessoais. 

De acordo com informações dos trabalhadores da unidade, apenas as vacinas – perdidas com a ação criminosa – foram repostas. 

O clima na unidade é de insegurança entre os funcionários, porque não há serviço de segurança presencial – somente o monitoramento da empresa terceirizada. A empresa responsável para cobrir os prejuízos com relação à perda de material tem 15 dias para repor os equipamentos. 

Péssimas condições de trabalho

Não bastasse a falta de segurança – terceirizada e sem proteção aos trabalhadores -, a situação de roubo ainda deixa exposta as péssimas condições de trabalho. Sem os computadores, o atendimento é feito manualmente. 

“É a precarização para terceirizar tudo. Tem que fazer a ficha à mão. De tantos atendimentos que a gente faz, fico com dores no pulso”, reclama servidora que preferiu não revelar o nome, com receio da retaliação das chefias. 

Prejuízo ao atendimento à população 

O problema não se refere apenas às péssimas condições de trabalho. É mais amplo e envolve o atendimento à população. “Uma vez que os atendimentos são feitos de forma precarizada por falta de equipamentos, como um auxiliar de enfermagem vai verificar sinais vitais se o equipamento foi roubado? O atendimento à população acaba sendo mais lento e moroso”, explica Irene Rodrigues, da coordenação do Sismuc. 

Triste condição da enfermagem

Entre as servidoras da enfermagem, a situação é igualmente dramática. Sem computador e materiais, fica inviável o atendimento dentro do regime de metas exigido. 

Logo no início da visita, realizada no dia 11 de março, as enfermeiras relataram à Imprensa do Sismuc uma forte crítica em relação a tais metas impostas para os diferentes tipos de atendimento. Impossível o seu cumprimento, de acordo com elas. Acusam também a falta de recebimento de 80% relativo à Estratégia em Saúde da Família (ESF).

Localizada em uma área de abrangência de aproximadamente 15 mil moradores, os atendimentos na unidade Barigui não podem ser encaminhados à unidade de Pronto Atendimento, localizada na mesma região, queixam-se os servidores.  

PMAQ e mobilização da saúde no dia 14 

Mesmo sendo um local beneficiado pelo Programa Nacional de Melhoria do Acesso e da Qualidade da Atenção Básica (PMAQ), a unidade sofre com infra-estrutura precária e está impossibilitada inclusive de pequenas compras. 

A situação é também um sinal da má condição e descumprimento de pauta para os servidores da Saúde, o que os leva a realizar o “Festival das Promessas Não Cumpridas”, uma ação bem-humorada no dia 14, em frente à Prefeitura Municipal de Curitiba (PMC). 

“Isso é mais uma prova do descaso da atual gestão com os servidores da saúde e com a saúde. E que a falta da segurança é a prova cabal de que a terceirização não traz melhores condições de trabalho e de vida. Terceirização é gol contra”, reforça Irene Rodrigues, em alusão à Campanha Salarial dos servidores e à campanha da Confetam deste ano.