Nosso time a gente escala

O que é um sindicato? É um espaço de representação dos trabalhadores – sindicalizados ou não – junto aos patrões e aos governos. Cabe ao sindicato buscar a melhoria das condições de vida, salário e emprego e combater as injustiças. Sua ação visa a defesa dos direitos e interesses coletivos ou individuais da categoria, inclusive em questões judiciais ou administrativas. Assim como os governantes, que são eleitos por seus votantes e não votantes, um sindicato é a entidade legítima para defender o interesse de todos, segundo a Constituição Federal.


No entanto, é esse direito que a Prefeitura de Curitiba, perigosamente, está desrespeitando neste momento com a criação de dez grupos para a construção do plano de carreira, cuja composição seria formada, no desejo da gestão, por três representantes da administração municipal, três representantes do sindicato e três representantes não sindicalizados. Sendo que a regra desse jogo não foi combinada com os trabalhadores, mas imposta pela administração. Portanto, a regra não é clara.


O perigo dessa postura está justamente no desrespeito à liberdade e autonomia sindical. Afinal de contas, toda a representação de trabalhadores ocorre por um time escalado através de comissões eleitas em assembleias amplamente divulgadas, na participação de debates coletivos com seus pares para definir quais são os anseios e demandas da coletividade, entre outros. Ou seja, num jogo apenas jogam dois times. Neste caso, o patronal versus os trabalhadores, cujos jogadores são escalados por seus técnicos (de um lado o sindicato e de outro a Prefeitura). 


De nossa parte, o Sismuc destaca que o nosso time é escalado através da participação coletiva. Todos os trabalhadores, sindicalizados ou não, participam das decisões que envolvem o grupo através de assembleias, coletivos por segmento, reuniões regionalizadas e mobilizações. É isso que configura a legitimidade da nossa equipe e força para negociar em nome de mais de 23 mil servidores, seja na Campanha de Lutas ou em greves e paralisações nas áreas da Segurança, da Saúde, da Educação, da Administração municipal e Legislativa, ao qual participam todos.


Por outro lado, se insistir em entrar em campo com um grupo de não sindicalizados para uma mesa de negociação, a Prefeitura estará errando. Isso pode gera uma divisão entre os trabalhadores que o Sismuc está engajado em não permitir. Será um retrocesso preocupante na democracia e no respeito às entidades representativas, pois cria uma governabilidade (um campeonato) paralela. Para exemplificar, é como se o prefeito eleito Gustavo Fruet virasse reserva na negociação sobre a tarifa de ônibus com o governo do estado e empresários. Se isso ocorresse, o prefeito denunciaria a falta de legitimidade dessa partida. E é o que por hora fazemos. O Sismuc exige a reformulação das regras do jogo e o respeito ao movimento sindical.