Professores estaduais fazem enterro simbólico do SAS

Morto, indubitavelmente morto pelo descaso. Restava enterrá-lo. Foi o que fizeram os educadores hoje (24) pela manhã no Centro Cívico, ao prantearem e enterrarem no Palácio Iguaçu o Sistema de Atendimento à Saúde (SAS), que há 15 anos, desde a extinção do IPE, deveria operar em favor dos funcionalismo, mas que veio se degradando progressivamente, até estar completamente falido.

O protesto bem humorado, que contou com "viúvas", "carpideiras" e música fúnebre, foi uma cobrança incisiva ao governo do Estado, que negligencia de forma absurda a saúde não apenas de professores, mas de todos os servidores do Estado, quando, ao reconhecer a completa inoperância do sistema, deixa de instituir uma nova forma de atendimento.

Como observou no protesto o secretário de Saúde e Previdência da APP-Sindicato, professor Idemar Beki, há dois anos o Fórum das Entidades Sindicais dos Servidores (FES) realiza intensa negociação com o governo por meio da Secretaria Estadual de Administração e Previdência (Seap). Apesar de todo o interesse e disposição dos servidores e de a adminsitração estadual reconhecer a inoperância do SAS, o governo vem retardando a apresentação de uma solução. Como observa Beki, agora permanece pendente a exibição aos servidores dos cálculos atuariais e do impacto financeiro aos trabalhadores de um novo modelo concebido.

Um dos problemas na negociação, como observou a presidenta da APP, professora Marlei Fernandes de Carvalho, foi a sucessiva troca de titulares na Seap, o que resulta em demora para que a nova equipe fique a par da negociação. No entanto, disse a dirigente, os servidores não podem ser penalizados pelos arranjos que o governo faz em sua equipe, e impõe-se um a solução imediata para o atendimento à saúde.

Problemas – Os relatos de irregularidade no atendimento são antigos, mas aumentaram muito nos últimos anos, principalmente na região de Curitiba, que concentra grande parte dos servidores. Há muito tempo houve problemas em diversas regiões do Estado, com mudança de credenciamento de hospitais, atendimentos não realizados, demora em consultas com especialistas, necessidade de deslocamento para cidades distantes.

Neste ano, a APP vem recebendo inúmeras reclamações dos educadores da região de Curitiba referentes à suspensão dos atendimentos de várias especialidades e procedimentos cirúrgicos, bem como o cancelamento de procedimentos já anteriormente agendados, pelo Hospital da Polícia Militar (HPM). A própria entrada do HPM à rede do SAS foi uma tentativa de salvar o moribundo sistema, mas os problemas no atendimento evidenciam que não há alternativa se não a a superação definitiva do atual modelo por outro, que efetive o direito à saúde a todos os servidores.