Ano novo, novos ares

Um clima de mudança paira sobre a cidade de Curitiba. Um clima incontestável de renovação. Um caroço que estava entalado na garganta de cada servidor municipal, asfixiando-o,finalmente saiu. Tal renovação que já se via necessária há muito tempo.  Anos e anos de desprezo, desrespeito e truculência foram definitivamente respondidos nas urnas, e o servidor pode efetivamente perceber o poder que tem nas mãos. 

 Bem, o ano está começando. E embora a casa esteja sendo limpa, embora esperemos mudanças que reflitam na melhoria da nossa qualidade de trabalho, nós temos um lado. Nós somos um lado. Nós somos o lado que carrega essa cidade. Que permite que esse município tenha seus cartões postais estampando a manchete de jornais e revistas do mundo inteiro. Nós estamos por trás do termo “cidade modelo”. Somos as engrenagens dessa máquina e formamos os bastidores dessa cena. Mas nunca aparecemos na foto. Temos que encarar o nosso dia a dia com esse peso, de que fazemos muito e recebemos pouco. E é essa a mudança que esperamos. A verdadeira valorização.

 

Ao que tudo indica, pelo menos por esses poucos dias do ano que inicia, as coisas serão diferentes. O secretariado, como se esperava, praticamente renovado. Nomes um tanto desconhecidos no cenário político nos fazem esperar que pessoas realmente comprometidas ocupem as pastas.  Visitas a US’s, moratória, enfim, parece mesmo que há vontade de trabalhar. É o que queremos. Mas e quanto ao funcionalismo público, o que esperar? Diálogo e respeito, no mínimo. Que não se repitam as mesmas condutas intransigentes da gestão passada. Que as mesas de negociação de fato aconteçam, com debate, com flexibilidade e não da forma vergonhosa e desrespeitosa a qual vivenciamos no passado, com pessoas despreparadas repassando informações sobre temas que desconheciam.


Esperamos sim algo novo, mas uma coisa é fato. Nós conhecemos o sistema. Nós sabemos como as coisas funcionam e do amplo leque de alianças que foi feita por esta nova gestão com grupos que não estão do lado dos trabalhadores. Por maior que seja a boa vontade do gestor, o modelo capitalista de sociedade vai sempre direcionar os esforços para as elites, ao invés da população ou do servidor. E é exatamente por isso que não podemos, em hipótese alguma, nos acomodar e esperar que as coisas aconteçam. Todo o nosso histórico nos leva a enxergar que nunca nenhuma conquista veio sem a organização do trabalhador. E nós temos muito que conquistar. Nossa saúde padece com um ICS sucateado, nossos salários são de fome. Somos obrigados a competir uns com os outros para crescer na carreira, reflexo de uma Lei 11.000 que nunca, de fato, serviu para valorizar o servidor. E isso na capital que tem o 4° maior PIB do país. Temos muito o que lutar. Então vamos nos organizar e arregaçar as mangas, pois o ano está só começando e temos muita luta pela frente.