Crônica: A morte da Carminha

 Crônica de jornalista do Sismuc recorda aspectos da Greve dos Excluídos, que durou 74 dias pela jornada de 30 horas.

Claudinha chegou ao salão de beleza atrasada num dia normal de semana. Correu direto ao banheiro. Talvez assim ela pudesse chorar discretamente. Uma vez por semana essa cena se repete. Os dramas da manicure ainda não geraram sua demissão porque ela foi indicada por uma amiga da dona do salão – dizem os corredores. Outras reconhecem que ninguém define tão bem quanto ela o tom do esmalte com a tonalidade da pele da pessoa. Claudinha convenceu inúmeras vezes aquelas senhoras de que laranja fica melhor do que vermelho, por exemplo, e que azul celeste também passa credibilidade, mesmo sendo extravagante. Sugestões que fazem a trabalhadora ser tão procurada a ponto de estender sua carga horária, embora o salário e as horas extras não sejam ‘lá um brinco’. 

Continue lendo