Guardas municipais fazem turnos de oito horas sem comida, água e banheiro.
O Governo do Paraná e a Prefeitura de Curitiba lançaram mais uma Unidade Paraná Seguro na semana passada. A UPS foi inaugurada com mais de 1,3 mil agentes policiais e com grande repercussão na imprensa sobre a ocupação da Vila Verde, Sabará, CIC e Caiuá. No entanto, em menos de uma semana, a chegada do Estado às comunidades periféricas demonstra ter ocorrido de forma precária.
Dois revólveres 38, falta de banheiro químico, comida e até um posto móvel para beber água. Essa é a realidade vivida pelos guardas municipais que atuam na UPS CIC. As denúncias da falta de condições de trabalho começaram já na quinta-feira (um dia após a ação dos governos Richa e Ducci). No sábado, a reportagem apurou que os módulos da GM não estavam nos bairros CIC e Sabará. Além disso, enquanto a PM fazia turnos de duas horas, os guardas municipais tinham que cumprir jornada de até oito horas. Isso os obrigava a improvisar até o banheiro em moitas à beira da estrada: “No dia a dia a gente vai ao núcleo e faz as necessidades, toma água e almoça, mas aqui o guarda tem que se virar”, reclama um guarda municipal que quis preservar sua identidade.
Outro problema grave apontado é a quebra do protocolo para realizar abordagens preventivas. No período da noite, enquanto que a PM se retira do local das 18h30 às 07h30, apenas dois gm’s fazem a intervenção policial. O recomendado para esse tipo de abordagem são seis agentes acompanhados de três viaturas. “Na quarta, éramos 300. Mas agora a Guarda tem feito a abordagem à noite com apenas uma viatura e dois 38”, relata o guarda.
Para o diretor do Sismuc Diogo Monteiro, a realidade vivida pelos guardas nas UPS’s e nas rondas convencionais demonstra que a postura dos governos é criar uma falsa sensação de segurança neste momento: “Desde o primeiro dia já os guardas não tinham condições básicas de trabalho como água, comida e banheiro. Sem isso, como eles podem garantir a segurança da população?”, questiona Monteiro.
A população, que ainda está se acostumando com a repentina segurança, já teme o abandono após as eleições municipais, como conta a moradora Vilma Mara da Silva Novaes: “A gente tem medo de ficar sozinho. No começo tinha um monte, mas eles vão se indo. O importante é não abandonar a gente”.
Ocupação eleitoral
Ontem (22), a Justiça Eleitoral proibiu o uso eleitoral das UPS’s. O juiz Marcelo Wallbach Silva estabeleceu multa de R$ 10 mil por cada comercial exibido pelo Governo do Estado. Ele considerou que as peças publicitárias beneficiam o candidato à reeleição, prefeito Luciano Ducci (PSB), apoiado pelo governador Beto Richa (PSDB).