Criado em 1970, durante a ditadura, o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária surgiu para realizar, de forma organizada, a reforma agrária brasileira. Ironicamente, neste mesmo período, começava a ocupação da Amazônia sob o lema, cunhado pela ditadura, ‘Integrar para não Entregar’.
Os problemas agrários brasileiros que já não eram poucos aumentaram à medida que os colonizadores se instalavam floresta adentro. Na esteira desse movimento, muitos trabalhadores rurais sem terras migraram de diversas regiões do País para a Amazônia, principalmente para o estado do Pará. Lá, recebiam lotes de terras e obtinham acesso ao crédito, caso desmatassem suas propriedades para dar lugar à agropecuária. Assim, o desmatamento na Amazônia ganhou corpo e o estado do Pará começou a fermentar os problemas agrários e ambientais que possui hoje.
Como resultado desse processo, em 2011 o Pará registrou 125 conflitos por terras, segundo a Comissão Pastoral da Terra – só perde para o Maranhão, com 225 conflitos. Na lista de problemas que atacam o estado consta índices alarmantes de trabalho escravo e a luta para conter avanço do agronegócio e das madeireiras por meio das reservas ambientais da Amazônia, espalhadas por todo o estado.
No meio dessa problemática socioambiental, o Incra, que hoje senta sobre um orçamento de cerca de 2 bilhões de reais anuais, acumulou uma série de críticas e suspeitas sobre sua capacidade de organizar a reforma agrária no País sem provocar estragos. Nas últimas semanas, uma enxurrada de denúncias resultou na mais recente crise no governo federal – e culminou com a demissão de seu presidente, Celso Lacerda. O anúncio foi feito na noite da quinta-feira 19.
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