Posse da nova presidente reforça papel feminino na política diante da falta de direitos no mercado de trabalho.
A nova diretoria da Central Única dos Trabalhadores do Paraná (CUT-PR) tomou posse em julho com a presidência de uma mulher: Regina Perpétua da Cruz. Ela segue tendência mundial de avanço das mulheres na política e nos postos de comando. Atualmente, o mundo tem 17 mulheres eleitas como chefes de Estado, entre elas Dilma Rousseff, Cristina Kirchner (Argentina) e Angela Merkel (Alemanha). A nova presidenta da CUT se soma as presidentas Marcela Alves Bomfim (Sismuc), Marlei Fernandes (APP-Sindicato), Iraídes Baptistoni (Sismmar), Juciane Zuanazzi (Sinsep) e a coordenadora Geral Eloisa Helena de Souza (Sindsaude-PR), entre outras, refletindo o acesso das mulheres ao trabalho. No entanto, sem os devidos direitos, de acordo com a Organização Internacional do Trabalho (OIT).
A CUT-PR tem cinco mulheres dos 14 cargos possíveis da executiva estadual e 17 diretoras dos 36 cargos. Elas (e eles) têm a missão de lutar por mais inserção e direitos das mulheres (e demais gêneros) no mercado de trabalho. Segundo a OIT, as mulheres brasileiras trabalham cinco horas a mais do que os homens por semana. A pesquisa divulgada no último dia 19 leva em consideração o trabalho realizado dentro de casa e de que a maioria das mulheres que trabalham fora de casa também faz a chamada “segunda jornada”. Para a Organização, “é necessário ter mais creches, melhor transporte e horários flexivos, além de conscientizar os homens para dividir as tarefas”.
O papel da mulher no Sismuc sempre foi atuante. O Sindicato dos Servidores Municipais de Curitiba atualmente é presidido por Marcela Bomfim. Além dela, também presidiram o sindicato Maria Madalena Munhoz (1988), Marilena Silva (2003) e Irene Rodrigues (2006). “A nossa base é formada em grande maioria de mulheres na educação e saúde, entre outras categorias. Por isso, além da luta dos servidores, temos inúmeras lutas no campo feminista para desenvolver”, destaca Marcela Bomfim.
Não basta ser mulher…
O fato de as mulheres assumirem postos de liderança não significa mais fraternidade com relação à sociedade. Muito antes das atuais chefes de Estado, a Inglaterra era comandada por Margareth Thatcher (primeira-ministra de 1979 a 1990), conhecida como líder ‘mão de ferro’ e por perseguir sindicatos. Atualmente, com a crise do capitalismo, a chanceler da Alemanha Angela Merkel tem assumido compromisso de salvar o Euro (moeda européia) com cortes no funcionalismo público, aumento no tempo da aposentadoria e alta de impostos. No Brasil, Dilma Rousseff tem mandado endurecer a negociação com os servidores federais em greve a mais de 100 dias. “Isso demonstra que a mudança de mundo não depende apenas do gênero, mas também da concepção política e visão de sociedade”, compara Alessandra Oliveira, secretária de comunicação do Sismuc e secretária de política sindical da CUT.