Prefeito assume incompetência para gerir a cultura e o lazer em Curitiba

A gestão de Luciano Ducci deu o primeiro passo para a privatização de três marcantes áreas públicas da cidade. A concessão da Pedreira Paulo Leminski, da Ópera de Arame e do Parque Náutico garante que empresas privadas explorem o local por, no mínimo, 25 anos. O resultado da fase da licitação será divulgado no dia 18 de junho, às 9 horas. Depois dessa data, há o prazo legal para recursos e só então serão abertos os envelopes contendo a proposta econômica e habilitação das empresas.

Uma frente, formada por sindicatos, incluindo o Sismuc, e membros de partidos políticos de Curitiba, questiona a privatização destes espaços. Para André Machado, membro da Executiva do Sindicato dos Bancários de Curitiba, a concessão subverte o papel dos locais. “São espaços públicos que deveriam ser revitalizados para servirem como instrumentos de incentivo à cultura, ao esporte e ao lazer da população de Curitiba, principalmente à juventude. Ao invés disso, vão ser doados por 25 anos, provavelmente prorrogáveis por muitos anos mais, para que empresários ganhem dinheiro com o patrimônio público”, prevê.

Para o músico Paulo Juk, baixista da banda Blindagem e membro da seção paranaense da Associação Brasileira de Música e Artes, um dos maiores problemas é a forma como  as coisas foram levadas pela Prefeitura. “A impressão que fica é que nada é nosso. É só um negócio político, um jogo de interesses, feito às escondidas. Parece que estes locais não são dos curitibanos, nem dos artistas, mas sim do governo”, lamenta.


O prefeito Luciano Ducci não se pronunciou sobre os fatos, mas um dos principais argumentos dos defensores da privatização é de que a Prefeitura não poderia arcar com os gastos das reformas. O produtor Helinho Pimentel, dono da DC Set, uma das empresas que apresentou proposta para a licitação, aponta que a Prefeitura não conseguiria sozinha arcar com os investimentos necessários para a reabertura da Pedreira.


Falta de recursos?
O cálculo prévio da Prefeitura para as adequações nestas áreas é de R$ 15 milhões, conforme previsto no edital. Este montante não chega a 0,3% do que está estimado para ser arrecadado este ano pelo município. Só no primeiro quadrimestre deste ano, a Prefeitura já conta com um superávit de R$ 139 milhões. Ou seja, seria possível fazer os investimentos necessários e ainda assim sobraria muito dinheiro para aplicar em políticas de promoção cultural, algo que vem sendo deixado de lado nestes últimos anos.