Lucrometrô X Impostometrô

 A notícia do faturamento do banco Itaú deveria ser de espantar e envergonhar os brasileiros. Segundo dados divulgados, a instituição financeira obteve lucro de R$ 14 bilhões em 2011. Juntados aos R$ 10 bilhões de 2010, já seria possível comprar sozinho os principais aeroportos do Brasil privatizados por Dilma e CIA nesta semana (leiloados por 24,5 bi). O mais impressionante nesta fortuna, e que deve envergonhar os cidadãos/clientes, é que o lucro do banco é dado como uma notícia corriqueira para a população, sem qualquer impacto social. Agora, se o fato fosse arrecadação parecida do governo federal, no mínimo, haveria teor de escândalo, com entrevistas de empresários “sufocados” e com juntas comerciais criticando a volúpia das instituições públicas de por a mão no bolso do contribuinte.

 
Nesse sentido, a arrecadação de instituição financeira cumpre com o mesmo objetivo. O lucro de um banco é o imposto cobrado sobre os correntistas, sendo que não há contrapartida social. Considerado imposto porque, independente do banco, as taxas são parecidas e não é possível rejeitá-las. “É o custo do serviço” que recolhe 14 bilhões “limpos”, descontados desse montante os impostos, o custo dos funcionários, as publicidades milionárias e também a responsabilidade social.  


Divulgado o balanço positivo, pergunta-se o que o Itaú fará com o restante e de quem é esse restante? É de um empresário ou de um grupo de empresários? É do povo brasileiro? O dinheiro será empregado para construir hospitais, escolas, rodovias, patrocinar o esporte, ampliar o saneamento básico, construir casas? Negativo. O lucrometrô não tem essa obrigação. A arrecadação serve apenas aos seus arrecadadores. Talvez, no maior dos sonhos, essa dinheirama seja reinvestida no financiamento de casas, carros, etc – a juros estratosféricos – e pagas pelos próprios contribuintes. É a lógica perversa: o cidadão financia sua própria dívida. 


Portanto, essa é a grande questão posta. A população devia se preocupar o mesmo tanto com o lucro dos bancos e das empresas privadas como a sociedade se preocupa com o imposto arrecado pelo governo. Porque ambas posturas são dinheiro retirados arbitrariamente do cidadão,  que nessa conta, só fica com o negativo.