Carta dos excluídos a Luciano Ducci

Caro Dr. Luciano

Como está difícil falar com o Prefeito vamos tentar falar com o médico. Vamos falar com nosso colega. Sim, porque o senhor está lotado na mesma secretaria que nós e, um dia, se acaso deixar a política, talvez ainda cruze conosco em alguma Unidade de Saúde. Vamos conversar com o profissional que um dia, ao entrar na Unidade de Saúde Trindade deve, em algum momento, já que tratava de crianças, ter se emocionado com a realidade dos pacientes que atendia.

Isso acontece muito conosco Dr. Luciano. Se o senhor pudesse descer, não para negociar, mas para conversar com estes profissionais ouviria os diálogos que acontecem cotidianamente nesta greve que já entra em seu primeiro mês.  Veria o brilho nos olhos dos mais novos, aquele ideal de servir ao próximo que move a boa juventude. A vontade de fazer a diferença sendo um canal possível de transformação. Dos mais velhos o senhor ouviria a paixão ainda viva pelo trabalho que realizam, lutando muitas vezes contra condições adversas, mas com o mesmo objetivo, servir a população. É uma gente da melhor qualidade Dr. Luciano, se conversasse com eles o senhor ficaria orgulhoso de ser seu comandante. Desculpe, esqueci que estamos conversando com o médico. É difícil, às vezes, separar as coisas, não é?


Estes profissionais, e isto vai lhe causar espanto, não estão somente lutando pelas 30 horas semanais, não.  Estão lutando pela sua dignidade profissional, o que é coisa muito diferente. Por quê?


Imagine o senhor lá no tempo da US Trindade. Imagine também que todos os profissionais da Unidade tivessem o mesmo regime de trabalho. De repente o Prefeito da época concede 30 horas para, por exemplo, dentistas, psicólogos e enfermeiros. O senhor não sentiria que a sua categoria, subitamente, teria se transformado em categoria de segunda classe? Que realizando o mesmo tipo de trabalho, atendimento a população, uns estavam sendo tratados de maneira privilegiada em detrimento de outros? Foi exatamente assim que estes profissionais se sentiram Doutor Luciano.


Mas ainda assim isto não teria sido combustível suficiente para um mês de greve. Mas aí veio o golpe definitivo. Alguém teve a ideia de  insinuar que estes profissionais não teriam recebido as 30 horas por não estarem na ponta do atendimento  da saúde. Foi demais. Foi e é inaceitável.


Como dizer isso para o farmacêutico que trabalha no Laboratório Municipal de Curitiba, referência na América Latina, e que é responsável por milhares de exames que darão o fundamental suporte ao diagnóstico dos médicos?


Como um psicólogo do Centro de Especialidades Médicas, responsável pelo atendimento direto de casos extremamente difíceis, onde a morte ameaça a vida constantemente pelo viés da perturbação mental, como ele aceitaria isso?
Como os educadores físicos, o pessoal da vigilância sanitária, fonoaudiólogos, nutricionistas e outros aceitariam isso sem levantar sua voz? Não aceitaram. Não aceitarão. É gente séria Doutor Luciano.


Aí a concessão das 30 horas será  a materialização do respeito que estes profissionais exigem e merecem. E vou lhe dizer que determinação para continuar não falta. Mas o que a gente quer mesmo, não vivemos de greve, é voltar para o nosso trabalho, atender nossos pacientes, realizar nossa função de servir a população. Mas voltar com o reconhecimento de sermos profissionais que também constroem a saúde dessa cidade.


Doutor Luciano, depois disso só nos resta pedir: Quando o senhor estiver em sua função de Prefeito, lembre-se do médico. Receba estes profissionais. Só queremos fazer parte de Uma só Saúde. Porque esta gente é tudo, menos de segunda classe.
 
Obrigado,

 

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