As redes sociais vivem um boom no meio sindical e na formação da opinião pública. Os blogs, por exemplo, foram considerados fundamentais para mobilizar a população durante a campanha eleitoral de 2012. Já os grupos do Facebook Odontologia da PMC, Enfermeiros PMC e Campanha Salarial e Piso Salarial dos Servidores tem sido importantes ferramentas de comunicação com os servidores públicos municipais de Curitiba. No entanto, essa forma de dialogar com a categoria deve ser mais um mecanismo de trabalho de base que os sindicatos e os trabalhadores devem utilizar em busca de conquistas sociais e salarias, segundo Mauro Iasi, doutor em sociologia pela USP e professor da UFRJ. Para ele, o contato direto e a troca de experiências é que fortalecem a unidade dos trabalhadores.
Mauro conversou com o Sismuc durante o 17º curso NPC – Comunicação Sindical e Disputa de Hegemonia. Em conversa exclusiva, ele orientou os trabalhadores. “Todas as formas de comunicação, inclusive as redes sociais, são instrumentos. Na década de 1980 (período da ditadura), por exemplo, os militantes iam às portas de fábrica entregar folhetos. E essa atitude, às vezes, dizia muito mais do que estava escrito na folha. Então, as redes sociais são instrumentos que agilizam a comunicação e devem acompanhar o trabalho junto à categoria”. Os odontólogos, por exemplo, além de marchar pelas ruas de Curitiba em busca de isonomia salarial com os médicos, utilizaram as redes sociais para informar a população sobre a pauta de reinvindicações. Uma postura considera acertada por Alessandra Soares, diretora de comunicação do Sismuc. “Buscamos atingir a população de todas as formas possíveis, seja na rua o no mundo virtual. E o resultado disso foi a revisão da isonomia e o aumento escalonado”, disse Alessandra.
Além do papel das redes sociais, Mauro também abordou a mobilização e independência dos trabalhadores. Para isso, ele recorda da Comuna de Paris, no século XIX, em que os trabalhadores assumiram o poder. “Foi neste período em que os trabalhadores se expuseram e que conquistamos o direito a educação pública, ao voto. Ou seja, mostra que a transformação é possível”.
Mauro também observou a necessidade de se fortalecer o movimento sindical com o meio de garantir direitos que o atual sistema econômico tenta retirar dos trabalhadores. “Eles querem flexibilizar direitos (o capitalismo e os gestores). Mas direitos você não flexibiliza: ou vocês os têm ou não têm. E hoje há uma ofensiva contra os direitos dos trabalhadores que deve ser combatida pelo movimento sindical”.