“Tem questões bem sérias neste CMEI que tem que ser avaliadas. Essa situação tem que ter um basta”.
A falta de educadores, que gera a impossibilidade de realizar hora permanência, a criação irregular de banco de horas, o acúmulo de funções, a não substituição de educadores em LTS, a falta de diálogo e até o assédio. Esses foram apenas alguns problemas que educadoras do CMEI Bracatinga e diretores do Sismuc apontaram à superintendência de educação durante reunião realizada ontem (19). A mesa ocorreu porque essas questões não foram resolvidas completamente pela direção do CMEI ou pela direção do núcleo de educação Boa Vista. A revelação ‘causou espanto’ na superintendente de educação Raquel Rodrigues de Lima Simas, que afirmou desconhecer o problema.
– Tem questões bem sérias neste CMEI que tem que ser avaliadas. Essa situação tem que ter um basta – se comprometeu Raquel.
As educadoras contaram que há mais de um ano relatam os problemas à gerência da unidade. Os problemas se agravaram desde que um educador foi agredido e afastado. No entanto, nem a direção do centro infantil ou o núcleo Boa Vista haviam resolvido os casos. Por isso, o CMEI decidiu realizar uma paralisação de advertência.
– Havia falta de oito profissionais e nada era feito – recordou a educadora Adriana.
A chefe do núcleo Boa Vista, Sandra Mara Mouro, tentou se defender alegando que a falta de profissionais foi esporádica por causa da virose naquela época. Além disso, disse que alguns fatos não eram de seu conhecimento.
– A direção não nos informou da alta rotatividade (de educadores com as crianças) no CMEI – se eximiu Sandra.
Esporádica ou não, a falta de educadores e de hora permanência não foram resolvidas desde a paralisação. Isso levou à reunião com a superintendência. No encontro, a diretora do Sismuc Ana Paula Cozzolino ressaltou que o grupo está trabalhando em situações inadequadas, ficando constantemente doentes e que a secretaria de educação deve resolver o problema.
– As unidades funcionam porque nós educadoras seguramos as pontas, mesmo com falta de profissionais. Mas está errado. Temos que mudar essa cultura de dar o jeitinho porque somos nós que adoecemos – destacou Ana Paula.
As denúncias serão apuradas integralmente. Esse é o compromisso de Ida Regina Moro, do Departamento de Educação Infantil, que vai agendar uma reunião específica com os educadores para avaliar a direção do centro e a condução do núcleo Boa Vista na solução do caso.
– Eu me coloco a disposição para avaliar a direção com todo o grupo – se posicionou Ida.
Punição
Além da falta de profissionais e de tempo para hora permanência, que pode prejudicar a entrega dos relatórios sobre as crianças no fim do ano, também se discutiu a não punição das educadoras com desconto em folha pela paralisação. Juliano Soares, diretor do Sismuc, defendeu que não haja descontos, afinal, a mobilização tinha intuito de apontar um problema recorrente para que o atendimento na unidade que cumprisse com a sua tarefa de cuidar e educar com qualidade.
– É impossível manter a qualidade no cuidar e educar se o educador está sozinho em uma sala lotada de crianças, mesmo que ele se esforce. Temos que priorizar as crianças atendidas e brigar para que se tenha condições mínimas de trabalho – defendeu Juliano.
Ele ainda observou que “tivemos o apoio da comunidade que compreendeu a situação no CMEI”. Já a superintendente da educação Raquel Rodrigues entendeu o motivo da paralisação por uma hora e afirmou que vai avaliar com o jurídico da prefeitura a possibilidade de não descontar as horas das educadoras e educadores.
Reafirmação do Canal Aberto
A reunião das educadoras do Bracatinga e dos diretores do sindicato com a superintendência de educação reafirmou um importante canal de diálogo, segundo Ana Paula Cozzolino. Para ela, muitos problemas nas unidades de ensino não são solucionados porque param na direção, na pedagoga ou na mesa da chefia do núcleo.
– Todos estes problemas de gestão nas unidades de ensino precisam chegar ao conhecimento do sindicato por meio da denúncia do servidor, pois desta forma conseguiremos ter controle do que foi prometido, solucionado ou do que não está sendo cumprido, como o caso da hora permanência e banco de horas – enumerou Ana Paula.
Com o canal permanente de diálogo entre sindicato e superintendência, as queixas dos profissionais da educação não serão engavetadas na mesa da diretora ou da chefia do núcleo, pois a cobrança será constante pela solução do problema.
– Vamos estar pautando com a superintendência, pois a situação dos educadores está generalizada. Infelizmente, não é exclusividade deste equipamento e sim regra para muitas outras escolas e CMEIs da prefeitura – relatou Juliano Soares.
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