Recentemente a prefeitura de Curitiba divulgou que mais 23 escolas municipais passariam a contar com guardas municipais fixos para garantir a segurança de alunos e profissionais durante o horário das aulas. A medida seria uma resposta ao episódio ocorrido em uma escola do Rio de Janeiro, onde um sociopata atirou em vários estudantes.
O secretários de defesa social Nazir Chain teria declarado que “depois da tragédia ocorrida na escola do Rio de Janeiro, a comunidade ficou apreensiva. Mesmo não havendo risco iminente comprovado, estamos tomando esta atitude em respeito à determinação do prefeito Luciano Ducci de priorizar a segurança e bem estar das famílias curitibanas”.
A forma como este trabalho está sendo desenvolvido, no entanto, é o que vem preocupando guardas municipais e diretores do Sismuc. O remanejamento de guardas para as escolas não está sendo acompanhada de estrutura adequada para a realização do serviço de segurança. Sem armas e trabalhando sozinho nestes locais, muitos deles julgam estar mais suscetíveis a riscos.
O guarda João de Oliveira Junior, que atua na Escola Municipal Dona Lulu, no Sítio Cercado, defende que os guardas deveriam ter armas veladas para poderem realizar a abordagem e, ao mesmo tempo, evitar constranger a comunidade escolar. Além disso, ele também explica porque entende ser necessária a atuação em dupla: “Em dupla um dá cobertura para o outro, a abordagem é mais segura. Qualquer policial de outra corporação trabalha em dupla”, diz ele.
Um outro guarda que atua no Bairro Novo, mas que prefere não se identificar por medo de represálias das chefias, também revelou apreensão com a situação atual. “A gente não consegue nem fazer a nossa própria segurança. A gente está à mercê. Já se passaram 3 dias do que tinha prometido o prefeito e até agora não veio equipamento. Não tenho condições necessárias para fazer uma abordagem ou fazer a segurança”, afirma.
O que chama a atenção é o contracenso entre o que ocorreu no Rio e a situação dos guardas em Curitiba. Para o guarda Oswaldo Garcia Junior, “se houvesse uma situação aqui como a que ocorreu no Rio o guarda não teria o que fazer e provavelmente seria o primeiro a ser alvejado. Proteger como?”, pergunta ele.
Lembrando
Os trabalhos em dupla e a cessão de armas para os guardas de Curitiba havia sido prometido pela prefeitura em junho de 2010, logo após o morte do guarda Joel Franklin. Naquele momento, a secretaria de defesa social havia se comprometido em realizar reuniões por núcleos para averiguar e definir novos encaminhamentos. Quase um ano se passou, mas o problema ainda persiste. Parte do problema poderia ser resolvido rapidamente. 500 armas doadas pela polícia federal, em 2007, continuam sem chegar às mãos dos guardas municipais. Entraves burocráticos estariam entre as principais dificuldades.