Richa deixa cargo sem proposta de zeramento das perdas

Prefeitura oferece 5% de reajuste e Sismuc chama assembleia geral para dia 30

Representantes do Sismuc e do Sismmac estiveram hoje (25), na sede da secretaria de administração, para reunião de negociação com secretários municipais. A parte da pauta mais esperada pela categoria, aquela referente às cláusulas econômicas, foi o tema central da conversa. Como já era esperado, a gestão Beto Richa apresentou uma proposta de reajuste que contempla apenas as determinações legais para reposição da inflação. De acordo com dados do INPC, a inflação do período, isto é, de março de 2009 a fevereiro de 2010, chegou a 4,71%. A proposta da prefeitura é de 5%. Quando se leva em consideração que os servidores de Curitiba acumulam uma perda histórica entre 1999 e 2005 de 14,34%, percebe-se que os trabalhadores continuam praticamente com o mesmo acúmulo de perdas salariais.
O assessor técnico do Dieese Sandro Cordeiro apresentou algumas informações, com base nos dados da própria prefeitura, que demonstram condições favoráveis para que seja apresentada uma proposta melhor. Segundo ele, a prefeitura vem acumulando um crescimento da receita que ultrapassa os 10% ao mês, diferente do ano passado, quando a perspectiva era de retração de recursos devido à crise econômica.
Já o secretário de recursos humanos Paulo Schimidt argumenta que a proposta é satisfatória. Segundo ele, a prefeitura está oferecendo aquilo que está dentro das possibilidades do município.
A presidente do Sismmac Simeri Calisto e a secretária de assuntos jurídicos do Sismuc Irene Rodrigues apresentaram uma proposta de recuperação das perdas em parcela, durante a reunião. A medida viria de encontro com o que foi assumido como compromisso pelo prefeito Beto Richa, em 2005, em um documento assinado por ele, no qual o zeramento das perdas seria realizada até o final da sua gestão.
Preocupado com a inauguração de obras, tendo em vista os prazos eleitorais que exigem o afastamento do cargo de gestores candidatos até 3 de abril, Richa nem sequer participou da reunião. Schimidt, por outro lado, comprometeu-se em levar a proposta dos sindicatos para o prefeito. “Vou levar essa proposta e o prefeito que assume”, afirmou.
A falta de palavra do prefeito e a ausência dele nas reuniões de negociação têm sido encaradas pelos diretores sindicais como sinal de desrespeito com os servidores municipais.
Alimentação e horas extras
O sindicato cobrou também o auxílio-alimentação para todos no valor de R$ 10 e questionou a inclusão dos valores das horas extras nos cálculos. Apontou-se os problemas daqueles servidores que realizam horas extras e que, por esse motivo, acabam perdendo o direito devido o critério utilizado pela administração. Segundo a lei do auxílio-alimentação aprovada no ano passado, servidores que recebem acima de R$ 1,2 mil não têm o direito garantido. Como os valores das horas extras são somados aos salários, o teto acaba sendo ultrapassado.
Sobre isso, a administração se comprometeu em rever a situação dos servidores que estão perdendo o direito e apresentar algo no prazo de 30 dias.  
Decisão
Os encaminhamentos e análise da contraproposta da prefeitura será avaliada em assembleia geral dos servidores, prevista para ocorrer no próximo dia 30, a partir das 19 horas, na sede do Sismuc. Toda a categoria tem sido chamada a participar da atividade.