Diretores estranham ligações do 156 aos servidores

12/01/2010 – 17:50

As ligações do Sistema Integrado de Atendimento ao Cidadão 156 da prefeitura de Curitiba para a casa dos servidores municipais levanta suspeitas sobre as intenções da administração. Perguntas relacionadas à avaliação da gestão Beto Richa, sobre as condições de trabalho e sobre os serviços prestados pelo Banco Santander são, no mínimo, estranhas. Uma das análises a serem realizadas é quanto ao momento, já que a pesquisa precede as negociações da campanha por melhorias salariais da categoria.
Na opinião do secretário geral do Sismuc Daniel Mittelbach, estas informações podem ser utilizadas para medir a disposição da categoria em possíveis mobilizações. “Dessa forma, a prefeitura pode saber até quanto das condições de trabalho podem ser rebaixadas, já que essa tem sido uma tentativa constante das últimas gestões”, diz.
A orientação do Sismuc é para que os servidores não se deixem intimidar pelas ligações e para que respondam as questões expondo a verdade e, se possível que gravem o telefonema. Aqueles que receberem os telefonemas podem informar o sindicato pelo telefone 3322-2475, a fim de contribuir para comprovar os fatos em uma possível investigação formal.
Outra questão que chama a atenção da diretoria são as perguntas que personalizam a pesquisa na figura de Beto Richa, assemelhando-se às pesquisas de candidatos. Nesse caso, se for comprovado algum objetivo eleitoral, tendo em vista as possíveis intenções do atual prefeito em se candidatar ao Governo do Estado, estaria caracterizado crime por uso da máquina pública para interesses particulares.
O 156 e a caixa preta do ICI
A Central 156 é um serviço terceirizado pela gestão Cássio Taniguchi em 1998. O serviço é administrado pelo Instituto Curitiba de Informática (ICI), uma Oscip desobrigada de realizar concursos públicos e de participar de licitações para contratação pública. Desde que foi criado o ICI é uma verdadeira caixa-preta.
Além do contrato com a prefeitura, que lhe garante algo próximo de R$ 25,2 milhões por ano, o ICI, presidido por Jacson Carvalho Leite, também presta serviços para a Urbs, desde 2008, porém os valores não são divulgados. Na época da assinatura do contrato, o presidente da Urbs era o atual secretário de recursos humanos Paulo Schimidt.
As suspeitas de irregularidades nos contratos também já foram alvo de investigações de vereadores por vários momentos. Os ex-vereadores Adenival Gomes (PT) e Paulo Salamuni (PV) e, atualmente, a vereadora Professora Josete (PT) já questionaram a forma como os contratos foram firmados.
Além dos altos valores pagos pelos cofres públicos do município, sem licitação e sem a obrigatoriedade de aprovação da Câmara Municipal, o contrato ainda transfere ao ICI a permissão de uso, com plenos poderes, para administrar o acervo de equipamentos de informática da prefeitura. Um dos anexos revela que a prefeitura cede um total de 99 servidores municipais ao ICI. Inúmeros bens – tanto móveis quanto imóveis – também são cedidos ao instituto.
 
Imprensa Sismuc