03/12/2009 – 12:30
Em assembleia realizada ontem (2), à noite, no Sismuc, os guardas municipais decidiram manter o estado de mobilização. Um calendário de atividades foi aprovado com o objetivo de pressionar a prefeitura a atender as reivindicações da categoria. Na avaliação da maioria, as negociações com o superintendente da guarda Rene Witek trouxeram poucos avanços e os compromissos estão vagos demais. Confira as atas das reuniões de negociação do dia 27/11 e do dia 02/12.
Questões como, por exemplo, das condições de trabalho continuam sem respostas efetivas. O reajuste do piso salarial não está garantido e a data limite para uma resposta (15 de fevereiro) está muito distante. Também se questionou a falta de equipamentos de proteção individual, como coletes e armas, que não estariam à disposição de todos.
Boa parte das intervenções na assembleia demonstrou preocupação em relação ao risco dos guardas no exercício da profissão. “Esses dias tive que enfrentar troca de tiro sozinho. Tinha bala zunindo no meu ouvido e depois de várias tentativas de ligação para o 153, sem sucesso, tive que ligar para o 190. Daí enviaram quatro viaturas da PM. Só depois chegaram viaturas da guarda municipal”, contou o guarda Antonio Sávio.
Outra preocupação é quanto às condições a que estão sendo expostos os 186 alunos da guarda que se formam neste mês de dezembro. Presentes na assembleia, eles reclamaram da falta de equipamentos e de preparação para assumir serviços de ronda. “Sem a proteção não tem como encarar um piá de 15 anos que está armado”, avisa um dos formandos.
“Esses dias quatro elementos suspeitos entraram no cmum do CIC (onde foi morto o guarda Aparecido José de Souza, em setembro), novamente, procurando pelo guarda municipal. Eles fizeram um pente fino no local, mas, pos sorte, o guarda não estava lá no momento. Poderia ser mais uma tragédia”, disse outro guarda.
Encaminhamentos
Com o objetivo de expor o problema para a opinião pública e, desta forma, forçar a administração a atender as reivindicações, os guardas aprovaram um calendário de atividades.
Rejeitar escala extra – A primeira delas é para que os guardas se recusem a fazer escala extra a partir de hoje. A medida visa demonstrar que a carga de trabalho está excessiva e que os valores dos salários da categoria são insuficientes. As jornadas excessivas em busca de uma remuneração melhor são um dos problemas que ampliam os riscos da profissão que exige atenção e disposição em tempo integral. No lugar da escala extra para complementar o salário, os guardas defendem uma remuneração fixa melhor, com piso de R$ 1,3 mil.
Assembleia popular – No próximo sábado, dia 5, será realizada uma panfletagem na Boca Maldita, convidando a população para participar de uma assembleia popular a ser realizada no próximo dia 19. O objetivo é tratar o tema da segurança pública de forma democrática com a população. Políticas governamentais farão parte do debate que será realizado na praça Rui Barbosa.
Denúncias – Um abaixo-assinado com mais de cinco mil assinaturas, relatos e imagens sobre as condições de trabalho dos guardas serão organizadas em um dossiê que será entregue em forma de denúncia ao Ministério Público. Uma cópia dos documentos também será entregue ao prefeito Beto Richa.
Manifestações – Nos finais de semana, durante as apresentações de natal no Palácio Avenida, os guardas se concentram em um local estratégico, com caixões e faixas, para demonstrar o descontentamento dos trabalhadores para a população. Panfletos também serão entregues para sensibilizar as pessoas e chamar a atenção para o grave problema enfrentado cotidianamente pela categoria. A atividade também será realizada em parques e praças da cidade.
Paralisação – A partir do dia 1º de fevereiro, uma vigília será montada em frente à prefeitura. No dia 15 de fevereiro, data limite para negociação do reajuste do piso, conforme compromisso da administração, nova paralisação será realizada. Os guardas suspendem os trabalhos para mostrar força e exigir avanços nas reivindicações. Caso não haja resposta positiva, os guardas pretendem deflagrar greve.
Até lá, em caso de novo assassinato de guarda, a categoria fica convocada para nova paralisação com concentração no dia seguinte em frente à sede da prefeitura.
Represálias
Também houve denúncias de atitudes hostis da administração em relação a alguns guardas. Transferências de postos vêm sendo utilizadas como forma de repreensão por participação nas atividades organizadas pelo sindicato. Esse assunto está sendo averiguado pela diretoria do Sismuc, juntamente com a assessoria jurídica. A diretoria do Sismuc tem orientado para que os casos de represálias sejam denunciados o mais rápido possível ao sindicato para que atitudes antissindicais sejam contidas.
Imprensa Sismuc
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