A solenidade de abertura da XII Plenária Estatutária da CUT-PR ficou marcada por lembranças das lutas compartilhadas ao longo da história do movimento sindical Cutista paranaense e também pela homenagem prestada ao companheiro José Donizetti Viana, o Dodô, que estava à frente da secretaria de organização da Central no estado e faleceu no último dia 26 de janeiro.
A XII PlenCUT-PR é realizada neste final de semana, de
Após o momento cultural, os delegados realizaram a leitura e aprovação do regimento interno da Plenária. Logo em seguida foi composta a mesa de abertura para a saudação inicial. Gustavo Erwin ‘Red’, da Coordenação dos Movimentos Sociais (CMS-PR), abriu as falas com a leitura do manifesto do Comitê pela Cidadania e Contra a Criminalização dos Movimentos Sociais. O documento faz uma análise acerca da violência com que as manifestações populares são tratadas no Paraná, Rio Grande do Sul e também no âmbito nacional. Destaque para os assassinatos de Eli Dallemole e Keno, lideranças do Movimento de Trabalhadores Rurais Sem Terra que foram covardemente atacadas por milícias do latifúndio, entre outros episódios que mostram o processo de criminalização da luta popular.
O presidente do Sinteemar, Éder Rossato, ressaltou a volta da entidade para a CUT, após seis anos de afastamento ocasionado por gestões passadas, e também afirmou que a Direção Sindical está muito feliz em receber os companheiros Cutistas de todo estado em sua sede.
Já o presidente do Partido dos Trabalhadores de Maringá, Marino Gonçalves, destacou o bom momento conjuntural que o país atravessa, com crescimento econômico e geração de empregos. “Portanto, agora é a hora de irmos para cima, mobilizados, para obtermos novas conquistas para a classe trabalhadora. Que essa Plenária seja um vendaval de idéias para mudar nossas vidas”.
A Secretaria da Mulher Trabalhadora da CUT-PR, Eliana Maria dos Santos, lembrou dos 20 anos de atuação do coletivo estadual de gênero no estado. “Nós, mulheres, ainda temos que conquistar mais espaço, mesmo dentro da nossa Central. As cotas de gênero nas direções sindicais, por exemplo, devem deixar de ser uma orientação dentro do Estatuto da CUT e passar a ser uma obrigação”.
Único parlamentar presente no evento, Tadeu Veneri, deputado estadual pelo PT, citou a passagem do 80º aniversário natalício de Ernesto Che Guevara, no dia 14 de junho, e também lembrou que o último século foi o período no qual a população mais saiu às ruas para lutar. Contestou a presença de tropas militares brasileiras no Haiti e a violência com que o exército vem agindo naquele país. Veneri também disse que os movimentos sociais enfrentam uma fase difícil. “Ao mesmo tempo que nós, trabalhadores, obtemos algumas vitórias, a direita se organiza com grande facilidade e consegue seus objetivos numa velocidade muito maior”.
O representante do Governo do Paraná e assessor da Secretaria de Estado do Trabalho, Emprego e Promoção Social (SETP), Edson Luiz da Cruz, apontou que, mesmo tendo um cenário favorável dentro do Executivo paranaense, as organizações dos movimentos sociais e sindical devem fazer o enfrentamento e pressionar Poder Público a fim de construir políticas públicas mais eficazes aos trabalhadores do mercado formal e informal. “Por isso que nós, que estamos dentro do governo, precisamos dos trabalhadores mobilizados para avançar nas conquistas”.
Roni Anderson Barbosa, presidente da CUT-PR, deu ênfase aos desafios que os sindicalistas têm nesse período. “A disputa está colocada. O Congresso Nacional por várias vezes faz ataques aos trabalhadores, sinalizando com a possibilidade de retirada de direitos. Um exemplo disso foi a fatídica emenda 3. No âmbito estadual, também vivemos momentos de contraditoriedade. No dia 28 de maio deste ano realizamos manifestações pela redução da jornada de trabalho, sem redução de salários e fomos reprimidos com ações violentas das forças policiais. Isso aconteceu em pleno governo aliado. É, no mínimo, uma enorme contradição”. “Nossa tarefa é lutar para mudar a realidade, e estamos esquecendo de fazer esse debate. Temos que estabelecer lutas conjuntas e estratégias para combater a ofensiva da direita”, completou.
O secretário-geral da CUT Nacional, Quintino Severo, aproveitou o gancho da exposição de Barbosa e disse que a 12ª Plenárias estaduais e Nacional da Central acontecem num momento ímpar. “A conjuntura brasileira continua com a disputa de dois projetos de nação bem distintos. O primeiro é aquele das privatizações, do estado mínimo e da retirada de direitos da classe trabalhadora. Já o segundo é o projeto popular, daqueles que querem continuar a construir a democracia e a melhoria de vida para todos os brasileiros. Temos que ter clareza disso nos nossos debates para poder fazer o enfrentamento às forças reacionárias e retomar a valorização do trabalho no Brasil e na América Latina”.
Homenagem ao camarada Dodô
Após a saudação dos componentes da mesa, o secretário-geral da CUT-PR, Ademir Pincheski, iniciou a homenagem ao companheiro José Donizetti Viana, o Dodô. Um vídeo com momentos marcantes da trajetória de luta do camarada foi exibido aos participantes da 12ª PlenCUT-PR. Em seguida, Ademir entregou uma cópia do vídeo e um arranjo de flores aos familiares de Dodô presentes no evento: sua companheira Edna R. Viana e seu filho Paulo André Viana. Muito emocionada, Edna disse para nunca esquecermos de Dodô, pois sua vida foi dedicada à luta em defesa dos trabalhadores.
Foi um momento de muita comoção. Novos e históricos companheiros de Dodô não conseguiram conter as lágrimas e gritaram a tradicional saudação: José Donizetti Viana, Dodô: PRESENTE!
Fonte: CUT/PR