Os trabalhadores dos Correios de todo o país votam, em assembléias na noite desta segunda-feira (31/3), a proposta de uma greve imediata da categoria a partir da 00h00min de terça (1º/4).
Entre os motivos da paralisação por tempo indeterminado está o não pagamento do adicional de risco aos carteiros, no valor de 30% do salário-base. Conforme termo de compromisso assinado em novembro de 2007 pelo ministro Hélio Costa (Comunicações) e pelo presidente dos Correios, Carlos Henrique Custódio, a empresa havia se comprometido a pagar “em definitivo” o referido adicional a partir de março deste ano.
No entanto, os cerca de 52 mil carteiros do país, que receberam o adicional de 30% nos últimos três meses, foram surpreendidos na última semana com a ausência do valor em seus contra-cheques.
O Sindicato dos Trabalhadores nos Correios do Paraná (Sintcom-PR) realizará cinco assembléias simultâneas no Estado, nas cidades de Curitiba, Londrina, Maringá, Cascavel e Ponta Grossa.
“O termo de compromisso teve inclusive o aval do presidente Lula. Foi uma conquista obtida graças a uma luta de mais de dez anos da categoria no Congresso Nacional”, observa o secretário-geral do Sintcom-PR, Nilson Rodrigues dos Santos. “Enquanto a palavra assinada não for cumprida, vamos permanecer de braços cruzados.”
A Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT) é a maior empregadora
Participação nos lucros
Outro motivo da paralisação é a disparidade no pagamento da PLR (participação nos lucros e resultados) aos trabalhadores da empresa.
Para o Sintcom-PR, trata-se da PLR “mais desigual da história“. Conforme o sindicato, enquanto a maioria dos trabalhadores está recebendo valores que variam, em média, de R$
Em
“O bom resultado econômico da ECT no ano passado foi conquistado com o esforço de todos os trabalhadores”, afirma o diretor de Finanças e Administração do Sintcom-PR, Sebastião Cruz. “Mas a cúpula dos Correios privilegia quem já ganha altos salários. Quem literalmente carrega a empresa nas costas está sendo prejudicado.”
O Sintcom-PR apurou que o ministro Paulo Bernardo (Planejamento) teria autorizado uma espécie de “bônus extra” para os gestores dos Correios. Os critérios para o pagamento da PLR foram definidos de forma unilateral pelo governo, sem nenhuma negociação com os trabalhadores. “Defendemos que essa participação nos lucros seja distribuída de forma linear para todos”, reitera Cruz.
Contratações e PCCS
A categoria reclama ainda da falta de diálogo da direção dos Correios a respeito da revisão do PCCS (plano de cargos, carreiras e salários). O piso salarial dos Correios, pouco superior a R$ 600, é um dos mais baixos do serviço público federal.
Os baixos salários e a falta de perspectiva de carreira ampliam a rotatividade de trabalhadores nos Correios.
Outro problema crônico é a falta de pessoal e de condições de trabalho. O atraso na entrega de correspondência em diversas regiões do país é conseqüência do baixo índice de contratações pela empresa.
O Sintcom-PR estima que, apenas no Paraná, o déficit de carteiros seja de pelo menos 800 trabalhadores. Há um concurso em andamento no Estado, mas a previsão é de apenas 43 novas vagas para carteiro.
“A cúpula dos Correios está nos desafiando para um duelo. E o pior é que não temos outra alternativa”, sintetiza Osvaldo Lima Jr., diretor de Imprensa do Sintcom-PR. “Vamos à greve para lutar pelos 30% dos carteiros, por uma participação nos lucros linear, pelo PCCS, por mais contratações e melhores condições de trabalho.”
Fonte: Sindicato dos Correios