Fórum Social Mundial

7º FSM: trabalho decente para uma vida decente

No segundo dia do 7º Fórum Social Mundial, o primeiro com oficinas e mesas de debates, o movimento sindical se fez presente com o painel “Trabalho decente para uma vida decente”, tema título de uma campanha mundial com a participação da Confederação Sindical Internacional (CSI) e da CUT, cujo lançamento ocorreu no FSM.

Representantes da OIT (Organização Internacional do Trabalho), da CSI (Central Sindical Internacional) e de diversas organizações não-governamentais debateram durante toda manhã do domingo o tema do qual a CUT tem especial atenção: como criar mecanismos para combater a precariedade do trabalho, não apenas em relação as baixas remunerações, mas em todos os aspectos que envolvem a atividade produtiva, como os ambientes de trabalho.

Manouanata Cisse, da Ituc-CSI abriu os debates lembrando que esta preocupação já estava presente desde o primeiro FSM, em Porto Alegre. “O resultado de anos de debates e políticas contra a precarização do trabalho nos levou a esta campanha que é muito importante para os sindicatos e toda a sociedade. O objetivo desta campanha é unir as políticas sociais, econômicas e financeiras em nível nacional e internacional para a construção de um diálogo internacional”, afirmou.

O segundo debatedor, Assane Diop, da OIT destacou a importância da campanha comparando com outras, como a contra o apartheid (regime de segregação racial) na África do Sul. “O trabalho produtivo deve dar condições de dignidade, segurança e respeito aos trabalhadores”, afirmou. Segundo o dirigente, a proteção a grupos vulneráveis, como imigrantes e trabalhadores informais também deve fazer parte das preocupações da campanha. Para exemplificar citou o caso da África, continente no qual grande parcela da população não possui emprego formal.

O sistema adotado pela mediação da mesa foi o de fazer uma pergunta e dirigí-la ao palestrante para que pudesse desenvolver sua análise a partir da questão colocada. O outro representante da Ituc-CSI, Guy Ryder, foi questionado sobre o papel e a união do movimento sindical em torno desta bandeira. Em sua resposta, o dirigente analisou a criação da CSI, em novembro de 2006, como uma importante ferramenta diante do processo de globalização da economia.

Para Ryder, o trabalho decente é tão importante para o movimento sindical quanto para a sociedade como um todo, porque uma de suas bandeiras é a eliminação da pobreza.

Conny Reuter, da ONG holandesa Solidar, avaliou a importância da relação entre sindicatos e ONGs. “O conceito de solidariedade une os movimentos sindical e a sociedade civil, é necessária a consolidação dessa aliança para se alcançar novos objetivos tanto em nível local de cada pais como internacionalmente”.

Os debates prosseguiram com intervenções do público, presente em expressivo número, e continuou no período da tarde com a presença do ministro Luiz Dulci (leia matéria) e o aprofundamento do tema “trabalho decente”, sem, no entanto, entrar em questões de ordem prática de como efetivar a campanha em cada local.

Para o secretário de Relações Internacionais da CUT, João Antonio Felício, presente ao evento, uma campanha desse porte é muito importante para denunciar as condições de trabalho em diversos países, inclusive no Brasil, mas lembrou que cada região tem realidades distintas e é preciso saber como tratar essas diferenças. “A realidade de países da Europa é diferente dos da América Latina, essa campanha não pode se basear apenas em uma premissa, deve ser algo abrangente e que envolva o conjunto da sociedade. A ênfase está no movimento sindical, mas deve envolver os movimentos sociais e ser uma responsabilidade de todas as esferas de governo”, concluiu.

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